Chamusca não consegue captar médicos para trabalhar no concelho
Chamusca precisava de contratar mais três médicos de família, mas nem com os apoios e incentivos aprovados no ano passado está a conseguir cativar profissionais de saúde. Há mais de cinco mil utentes sem médico no concelho.
O Regulamento Municipal de Atribuição de Incentivos à Fixação de Médicos e Equipas da Unidade de Saúde Familiar (USF) do Concelho da Chamusca, aprovado em Setembro de 2022, não tem surtido o efeito desejado. Questionada pela vereadora Gisela Matias (CDU), na última sessão camarária, a vice-presidente Cláudia Moreira afirmou que faltam captar mais três médicos para que a grande maioria dos utentes possa ter acesso aos cuidados de saúde, mas não têm conseguido atrair novos clínicos. “Não conseguimos captar os três médicos que nos faltam, mas pelo menos conseguimos manter aqueles que já cá estão (dois). É um grande constrangimento, mas infelizmente não é só um problema da Chamusca”, disse, acrescentando que espera que, com a construção do novo centro de saúde, possam vir mais médicos para o concelho.
Cláudia Moreira deu conta ainda de como vão estar escalados os horários para o mês de Agosto no centro de saúde e nas extensões de saúde nas freguesias. Importa referir que as extensões de saúde do Chouto e Parreira vão encerrar no mês de Agosto e a de Vale de Cavalos ainda não tem um plano definido. Certo é que, em caso de urgência, os utentes devem deslocar-se à sede de concelho, disse.
Recorde-se que o município atribuiu cerca de 130 mil euros para fixar médicos e equipas na Unidade de Saúde Familiar (USF) do concelho. O protocolo, a vigorar por dois anos, pretende a captação e fixação de profissionais e servir de “motivação” para que a USF, actualmente do modelo A, possa evoluir para o modelo B, garantindo que os cerca de 8.749 utentes do concelho possam ter acesso a médico de família e que as extensões das várias freguesias do concelho se mantenham todas em funcionamento. Actualmente mais de 5.100 pessoas não tem médico de família atribuído. Os números revelam que cerca de 60% da população não tem acesso a cuidados primários de saúde adequados.
A situação vivida nos últimos anos na USF da Chamusca, segundo o município, “tem prejudicado gravemente o acompanhamento do estado de saúde dos utentes do concelho, sobretudo dos mais isolados e dos mais vulneráveis, como doentes crónicos, doentes oncológicos, crianças, idosos ou grávidas, entre outros”. Como O MIRANTE tem vindo a noticiar, muitas vezes os utentes têm de esperar 12 horas sem poderem abandonar o edifício para serem atendidos. Também têm existido muitas dificuldades para conseguirem receitas médicas para tratarem dos seus problemas de saúde. A falta de médicos no concelho da Chamusca tem tido repercussões mais graves nas freguesias de Ulme, Carregueira, Vale de Cavalos e Parreira, onde estão extensões de saúde sempre, ou quase sempre, sem médico.
Concursos desertos na região
No último concurso público para a colocação de médicos de família só foram preenchidas três das 70 vagas no distrito de Santarém. Das 26 vagas colocadas a concurso para médicos de família na Lezíria do Tejo nenhuma foi preenchida e das 37 destinadas ao Médio Tejo, apenas três foram ocupadas, revelou a Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo. Segundo a Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT) não foi colocado nenhum médico em nenhuma das zonas carenciadas, como Abrantes, Mação, Alcanena ou Ourém.