Médicos esqueceram-se de prescrever cadeira de rodas a Olga Patrício
Olga Patrício, de 45 anos, sofre de esclerose lateral amiotrófica diagnosticada em 2021. O Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão garantiu-lhe que iria prescrever uma cadeira de rodas eléctrica e um cadeirão eléctrico adequados ao seu problema de saúde, comparticipados pela Segurança Social, mas desde Setembro do ano passado nada foi feito.
Se não fosse a comunidade civil a juntar dinheiro para comprar a cadeira de rodas, Olga, que vive em Várzea Fresca, concelho de Salvaterra de Magos, continuaria presa em casa.
Olga Patrício, 45 anos, está há quase um ano à espera da prescrição médica para ter acesso a uma cadeira de rodas eléctrica e um cadeirão eléctrico comparticipados pela Segurança Social. Olga Patrício foi diagnosticada em 2021 com esclerose lateral amiotrófica (ELA) depois dos primeiros sintomas terem surgido um ano antes. A perda de força na perna direita e uma queda inesperada no quintal de casa, em Várzea Fresca, concelho de Salvaterra de Magos, foram os sinais de alerta. Na consulta no Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão os médicos garantiram-lhe que seria contactada por um técnico, que iria a sua casa para verem do que necessitava para ter mais qualidade de vida.
Olga Patrício regressou a uma consulta em Alcoitão em Junho deste ano onde lhe confessaram que o seu processo ficou esquecido numa gaveta. “Se a comunidade não me tivesse ajudado a comprar uma cadeira eléctrica para a minha condição de saúde continuaria enclausurada em casa. É lamentável que não haja sequer prioridade sobre doenças que avançam muito mais rapidamente do que outras. Ainda por cima esquecem-se do meu processo e nada fazem”, criticam.
Neste esquecimento médico valeu a Olga Patrício o apoio do grupo de amigos, família e comunidade local e da região que conseguiram angariar mais de 19.300 euros, dinheiro que permitiu comprar a cadeira de rodas eléctrica com encosto de cabeça e um pedaleiro de fisioterapia, que tem um valor aproximado de 3.300 euros. O restante dinheiro está a ser utilizado para financiar terapias e adquirir, no futuro, outros equipamentos que possam ser necessários.
Olga Patrício sente-se feliz porque consegue ter mais autonomia e ir ao café, à barragem de Magos e à festa da sua aldeia. “Como já não consigo conduzir a cadeira leva-me onde quero ir. Até poder não vou ficar presa em casa. Ainda tenho muito para viver”, garante a O MIRANTE.
Os primeiros sintomas de ELA começaram com a falta de força na perna direita e uma queda inesperada no quintal de casa foram os sinais de alerta para a doença diagnosticada um ano depois de ter sentido os primeiros sintomas. “Foi como um soco no estômago porque não é fácil perceber que vou começar a perder faculdades e ficar dependente de terceiros sendo tão nova. Não é fácil gerir tantas emoções”, disse em entrevista a O MIRANTE em Abril deste ano.
Olga Patrício trabalhou numa fábrica de componentes para automóveis no Porto Alto, concelho de Benavente, que encerrou durante a pandemia, meses antes de apresentar os primeiros sintomas da doença. Com dois filhos, de 14 e 6 anos, vive com os pais que a ajudam. O seu avô sofreu da mesma doença.
Doença é mais comum nas mulheres
A esclerose lateral amiotrófica é mais comum nos jovens adultos, diagnosticada entre os 20 e os 50 anos, e tem o dobro da frequência em mulheres. Afecta o sistema nervoso central, em particular a bainha que cobre as fibras nervosas das células do sistema nervoso, chamada mielina, elemento essencial para que os estímulos nervosos sejam correctamente propagados.
Pode manifestar-se de quatro formas: surto-remissão, secundária progressiva, primária progressiva e benigna. Todas, à excepção da primária progressiva, caracterizam-se pela ocorrência de surtos que provocam diminuição de capacidades como a fala, memória, uso das pernas, braços ou visão.