Emigrantes de Mação regressam a casa para estar com a família e matar saudades
O Jardim Municipal de Mação recebeu mais um encontro de emigrantes, que vai na sua oitava edição. A iniciativa contou com cerimónia de abertura, animação musical e um lanche composto por produtos regionais, muitos deles originários dos países onde residem actualmente os filhos da terra.
A oitava edição do Encontro de Emigrantes de Mação realizou-se mais uma vez no jardim municipal, a 15 de Agosto. Durante o evento, que contou com cerimónia de abertura, animação musical e o típico lanche com produtos regionais, O MIRANTE falou com algumas das pessoas que, sendo filhos da terra, optaram por fazer vida além-fronteiras.
Manuel Faustino, 79 anos, e Fernando Marques, de 84, naturais da Aboboreira, freguesia do concelho de Mação, são cunhados e estão emigrados no Brasil, no estado do Paraná. Emigraram durante a época do Estado Novo. Fernando Marques foi o primeiro a viajar, em 1957, com 18 anos; Seis anos depois, em 1963, foi a vez de Manuel Faustino partir, também com 18 anos. Nos tempos de juventude Manuel Faustino trabalhou numa metalúrgica em Lisboa e vivia com os pais e os quatro irmãos. Fernando Marques trabalhava num armazém em Mação e só ia a casa aos fins-de-semana. Desses tempos recordam a vida dura, o trabalho pesado e mal pago, mas também muitas memórias alegres com amigos, nomeadamente os banhos na ribeira e os bailaricos.
Mudaram-se para o Brasil motivados pela irreverência do espírito jovem, encarando o desafio como uma aventura. O serviço militar obrigatório, que forçava os militares a ir para a Guerra Colonial, também foi um factor decisivo para emigrarem. Ao nosso jornal garantem nunca se terem arrependido da decisão. Conheceram uma nova cultura e fizeram amizades que são para a vida. Viver com saudades da sua terra e das suas gentes foi algo difícil de ultrapassar, mas foram-se habituando com o passar do tempo, referem. Os dois conterrâneos costumam vir a Portugal de dois em dois anos, no entanto, Manuel Faustino desta vez vai passar uma temporada maior, para passar tempo com a família e com o neto que nasceu há poucos dias.
José Santos regressou a Portugal no ano em que apareceu a pandemia, 2020. Com 65 anos, natural de Cardigos, deixou Portugal aos 22 anos e escolheu a Suíça para viver. Primeiro, aos 14, deixou a freguesia de Cardigos e mudou-se para Lisboa para trabalhar e estudar tendo ingressado, após o fim dos estudos, nas forças militares. Durante os primeiros dez anos emigrado refere que apenas conseguia vir a Portugal uma vez por ano tendo após esse período começado a vir ao país com mais frequência chegando a regressar três vezes por ano. À semelhança de Manuel Faustino e Fernando Marques, recorda a infância com alguma nostalgia e admite que as más condições financeiras foram uma das principais causas para abandonar a sua terra natal. Questionado sobre as vantagens e desvantagens de emigrar, José Santos começa por enumerar as coisas negativas; “há muito frio e as pessoas são pouco empáticas. Não há ninguém no mundo que receba tão bem como os portugueses”, sublinha. Por outro lado, destaca como pontos positivos a qualidade na educação, o profissionalismo, organização e civismo profissional, além do nível de vida exponencialmente melhor.