Sociedade | 28-08-2023 12:00

Homenageadas famílias de Minde que receberam crianças austríacas durante 2ª Guerra Mundial

Homenageadas famílias de Minde que receberam crianças austríacas durante 2ª Guerra Mundial
Maria Raposo e Dulce Alves acolherem nas suas casas, durante a 2ª Guerra Mundial, crianças refugiadas austríacas

Maria Olívia Raposo e Dulce Martins Alves residem em Minde, concelho de Alcanena, e pertencem a duas das famílias homenageadas por terem acolhido crianças austríacas durante o período da 2ª Guerra Mundial. Maria Olívia Raposo ainda mantém contacto com Teresa, uma das poucas crianças refugiadas que esteve na freguesia e que ainda está viva.

O dia 14 de Agosto de 2023 marca a inauguração do Jardim Alto do Pina, em Minde, mas vai ficar na memória de todos pela emoção vivida durante a cerimónia de homenagem às famílias residentes naquela freguesia do concelho de Alcanena que acolheram crianças refugiadas austríacas da 2ª Guerra Mundial, entre 1939 e 1945. O MIRANTE marcou presença na cerimónia e conversou com Maria Olívia Raposo e Dulce Alves, de 95 e 84 anos, respectivamente, filhas de dois casais que acolheram, durante mais de meio ano, duas meninas de nove anos. À época Dulce tinha 12 anos e Maria Raposo estava perto de completar 20 anos.
Dulce Alves explicou que o processo de acolhimento foi realizado através de inscrição na Diocese de Leiria e que os seus pais, juntamente com os dois irmãos, demonstraram desde logo vontade de ajudar. Maria Raposo refere que vivia apenas com os pais uma vez que a irmã tinha casado recentemente. Na verdade, refere, foram os sogros da sua irmã que motivaram a família a acolher uma criança. As duas amigas recordam, com emoção, que as crianças chegaram em estado de choque, muito assustadas e reagiam com medo a quase todos os barulhos. “Sempre que tocavam sirenes ou sinos escondiam-se debaixo das camas ou de mesas. Era angustiante ver o estado de ansiedade em que viviam constantemente”, sublinham. Ainda assim, devido ao trabalho de compreensão e tolerância das famílias de acolhimento, as crianças austríacas adaptaram-se rapidamente à comunidade e à vida em Minde. “A população integrou-as de uma forma incrível. Passávamos os dias a brincar na rua e nem a barreira linguística foi entrave uma vez que, com o contacto diário e algum esforço, rapidamente aprenderam a falar português”, acrescentam.
No dia em que uma das crianças, chamada Teresa, teve de ir embora para regressar à sua terra natal, Maria Raposo confessa que sentiu uma enorme tristeza. No entanto, durante vários anos regressava a Portugal com frequência para matar saudades dos amigos que cá deixou. Mesmo depois de casada e com filhos, Teresa fez questão de regressar a Minde onde se encontrou com Maria Olívia Raposo com quem, conforme explica a mindense, mantém contacto telefónico uma vez por mês. “Não é sempre a mesma a ligar. Umas vezes liga ela e outras vezes ligo eu. É assim que se mantêm as grandes amizades”, frisa.

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