Sociedade | 30-08-2023 12:00

Inês Sofia sobreviveu a atropelamento ferroviário na estação de Vale de Figueira

Inês Sofia sobreviveu a atropelamento ferroviário na estação de Vale de Figueira
A perna direita de Inês Sofia foi amputada depois de ser atropelada por um Alfa-Pendular na passagem de nível de Vale de Figueira, concelho de Santarém

Inês Sofia tinha tudo pronto para ir viver com o namorado para Vale de Figueira, concelho de Santarém, mas um atropelamento ferroviário que levou à amputação da sua perna direita mudou-lhe os planos.

Actualmente voltou a ser independente e agradece todos os dias por ter sobrevivido e voltar a ter mais uma oportunidade para viver.

Inês Sofia foi abalroada por um Alfa Pendular na estação de Vale de Figueira em Novembro de 2022 e sofreu amputação imediata da perna direita. O acidente ocorreu minutos depois de uma chamada telefónica com a avó, a quem chama de mãe. A jovem conta a O MIRANTE que esteve sempre consciente e agradece todos os dias a nova oportunidade que a vida lhe deu. A jovem de 22 anos voltou a ser uma mulher independente depois de colocar uma prótese na perna que a ajudou a recuperar a autonomia.
Inês Sofia vive no concelho de Loures e há cerca de um ano decidiu comprar casa fora de Lisboa, num sítio pacífico, que desse para caminhar e andar de bicicleta. “Queria comprar casa num meio rural, mas ao mesmo tempo que não ficasse longe da realidade urbana”, conta. Depois de em 2021 andar a ver casas em Tomar com o namorado, de 28 anos, encontrou um excelente negócio na aldeia de Vale de Figueira, concelho de Santarém, com o valor da prestação da casa a ser um factor determinante para avançar com a compra. A ideia do jovem casal era permanecer em casa dos pais e juntar dinheiro para se mudar definitivamente, mas o grave acidente que sofreu veio estragar-lhes os planos.
A 12 de Novembro de 2022 foi a Vale de Figueira buscar a preparação de uma colonoscopia agendada para a quarta-feira seguinte e alguns documentos. A ideia era voltar no mesmo dia para Lisboa uma vez que tinha marcado um jantar com um casal amigo. Apanhou o comboio regional das 14h53, que chega a Vale de Figueira às 15h55, e pelo caminho tranquilizou a avó que, quando tinha 18 meses de idade, passou a cuidar de Inês a tempo inteiro por falta de condições económicas dos seus pais. Ao chegar a Vale de Figueira iniciou a travessia pela passagem de peões com alguns passageiros: “houve uma confusão da parte dos peões. O sinal sonoro estava a tocar e o semáforo estava vermelho, mas pensámos que fosse por causa da passagem do comboio onde vínhamos. Iniciámos a travessia por trás do nosso comboio e ficámos sem visibilidade sendo que o que vinha não parava porque era um Alfa Pendular. Os que iam atrás de mim conseguiram saltar para a plataforma e eu fiquei encurralada entre os dois comboios”, recorda, com emoção.
Inês Sofia foi atingida pela escada que dá acesso à compartição do maquinista do Alfa Pendular que seguia no sentido norte-sul com destino a Lisboa causando-lhe de imediato graves lesões na perna direita. A jovem foi projectada dezenas de metros e desmaiou por segundos com o impacto. Quando acordou tentou arrastar-se para fora da linha e, entretanto, chegaram os dois estrangeiros que seguiam atrás de si quando iniciou a travessia. Os únicos entre alguns passageiros que a ajudaram a ultrapassar o pânico e o choque do momento. Durante meia hora conseguiu manter-se calma e consciente até chegarem os bombeiros e a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER). No local teve uma paragem cardiorrespiratória e colocaram-na em coma induzido seguindo para o Hospital de São José, em Lisboa, onde ficou internada dois meses e meio. Do acidente resultaram ainda três fracturas ao nível da bacia que não necessitaram de operação. “O cérebro comanda tudo, se estivermos para baixo o corpo vai reagir igual, vai ser preguiçoso. É uma nova vida e uma nova oportunidade. Não é todos os dias que se sobrevive a um Alfa Pendular. Ainda não acredito como sobrevivi”, desabafa.
Inês Sofia é assistente de apoio ao cliente numa companhia de seguros de saúde em Lisboa e está de baixa devido à fisioterapia e aos traumas com que ficou, motivo suficiente para pensar em vender a casa em Vale de Figueira. Em breve espera tirar a carta de condução e quer manter a sua independência. Nos fins-de-semana em que o casal viaja de carro até Santarém costumam ir às compras, estar no miradouro de São Bento e antes do acidente andavam de bicicleta. Neste momento, Inês Sofia aguarda pelos apoios do Estado e anda com uma prótese oferecida por uma senhora sua amiga. A comunidade do concelho de Loures, na zona onde reside, tem realizado eventos e vendido rifas para ajudar a jovem a adquirir uma prótese comandada por microprocessador.

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