Sociedade | 04-09-2023 12:00

Autarcas desvalorizam novos radares porque acidentes evitam-se com obras nas estradas

Autarcas desvalorizam novos radares porque acidentes evitam-se com obras nas estradas
Carlos Coutinho, presidente da Câmara de Benavente. Fernando Paulo Ferreira, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira. Francisco Oliveira, presidente da Câmara de Coruche

Coruche, Benavente e Vila Franca de Xira são os três concelhos que passam a estar dotados com novos radares de controlo de velocidade, mas os autarcas estão cépticos quanto à sua utilidade.

Nas estradas nacionais 119 e 251 há dois radares desde 1 de Setembro que medem a velocidade instantânea, mas os presidentes das câmaras realçam que os aparelhos não vão evitar as altas velocidades no resto da extensão das vias e são medidas paliativas baratas em vez de se investir em intervenções que aumentem a segurança. Em Vila Franca de Xira, na Nacional 10 depois de melhoramentos não tem havido acidentes e por isso o radar não entusiasma a autarquia.

Os autarcas que vão ter nos seus concelhos os novos radares de velocidade, que entram em funcionamento a 1 de Setembro, consideram que a medida não vai resolver os problemas de segurança das estradas apesar de não estarem contra a instalação dos aparelhos. Os presidentes de Coruche e Benavente, Francisco Oliveira e Carlos Coutinho, respectivamente, preferiam que fizessem intervenções nas estradas nacionais 119, 118 e 251 que reduzissem os riscos de acidentes. Em Vila Franca de Xira a colocação de um radar na Nacional 10 não entusiasma o presidente Fernando Paulo Ferreira que diz esperar para ver o que dá. Os radares acabam por ser uma medida “simples, barata e que dá lucro, que não resolve os problemas de fundo”, resume o autarca de Benavente.
O autarca de Coruche preferia que a Infraestruturas de Portugal fizesse uma intervenção para melhorar as condições de segurança na Nacional 251 considerando que o radar na Azervadinha é apenas um paliativo. Francisco Oliveira gostaria que fosse melhorada a sinalização vertical e horizontal, indicação de pontos negros de acidentes e feitas intervenções para redução da velocidade de uma estrada com vários quilómetros em recta. O autarca considera mesmo que o radar “não vai atenuar a quantidade de acidentes nesta via sobretudo às sextas-feiras e domingos quando se regista mais trânsito de e para Lisboa realçando que já houve sinistros com mortos.
Em Benavente há cerca de uma década que se discute uma intervenção na Nacional 118 sem qualquer medida concreta. Carlos Coutinho realça que esta estrada, que não vai ter radar, é prioritária em termos de obras de melhoria da segurança rodoviária. Quanto à Nacional 119, onde foi instalado um radar de velocidade instantânea nos dois sentidos, na zona de Santo Estêvão, o presidente da câmara também é da opinião que são precisas outras medidas realçando que o caso da rotunda do Infantado veio acabar com acidentes frequentes na zona.
Os autarcas de Coruche e de Benavente concordam que os radares, por serem de velocidade instantânea, só vão ter efeito numa curta extensão uma vez que os condutores, passados uns metros depois do alcance do radar, voltam a acelerar. Carlos Coutinho realça que é necessário que os condutores tenham consciência da forma como conduzem e evitem comportamentos que podem potenciar acidentes. O autarca de Benavente reconhece que há situações de excesso de velocidade que o radar pode atenuar, mas não resolve a situação numa estrada com uma grande extensão em recta.
“O radar na Azervadinha não serve de grande coisa”, sublinha Francisco Oliveira, porque não vai evitar que “no resto do percurso de vários quilómetros, onde não há radares nem outras medidas de contenção da velocidade, os condutores circulem dentro dos limites de velocidade”. Carlos Coutinho sublinha que o radar no seu concelho é uma solução barata e que continua a faltar investimento em obras de fundo para se resolverem problemas estruturais tanto na Nacional 119, como na outra via preocupante, a Nacional 118, que também tem dois radares de velocidade instantânea em Samora Correia.

Radar em estrada de Vila Franca de Xira que não tem tido acidentes
O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira está céptico quanto à utilidade dos dois radares que registam a velocidade média, aos quilómetros 110,710 e 115,460, nos dois sentidos da Estrada Nacional 10. Fernando Paulo Ferreira diz que a intervenção que foi feita nessa via, que tem uma velocidade máxima limitada a 50 quilómetros por hora, entre Alverca e Póvoa de Santa Iria, tem feito com que não tenham ocorrido acidentes nos últimos tempos.
Para o autarca é preciso esperar para ver o resultado do radar, que poderá ter algum efeito fora das horas de ponta. Já que nos momentos de trânsito mais intenso é difícil que se circule acima da velocidade máxima permitida porque, realça, com muito movimento o trânsito anda devagar.

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