Redução de apoios está a asfixiar gestão das IPSS
Durante a apresentação da 9ª edição da FestAzul, agendada para 30 de Setembro, em Santarém, o presidente da câmara, Ricardo Gonçalves, alertou para as dificuldades que estão a atravessar muitas instituições do sector social.
Este ano a receita obtida pela FestAzul vai reverter a favor de A Farpa, associação que comemora 25 anos de vida.
“Estamos a atravessar uma fase colectiva de dificuldades nos apoios às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) que nos últimos tempos conseguem metade do financiamento para o que precisam do que o que tinham há dez anos. Esta festa com um fim benemérito é fundamental para apoiar associações”. O alerta foi deixado pelo presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, durante a apresentação da 9ª edição da FestAzul, que decorreu na tarde de 30 de Agosto na sede da Associação Comercial, Empresarial e Serviços, em Santarém.
A primeira edição da FestAzul nasceu da iniciativa “Um Dia Pela Vida”, organizada pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, que foi um sucesso. A partir daí o grupo de voluntárias da Asas Pela Vida tem organizado uma FestAzul todos os anos e em cada festa o dinheiro angariado reverte a favor de uma instituição ou associação do concelho de Santarém. Este ano vão ajudar A Farpa – Associação de Familiares e Amigos do Doente Psicótico, que comemora 25 anos de existência. “Temos conseguido muito apoio da sociedade civil, da Câmara de Santarém e de vários patrocinadores que nos têm ajudado a alcançar verbas generosas para doarmos”, explica Marta Peças.
O grupo Asas Pela Vida já ajudou o Lar dos Rapazes; Liga Portuguesa Contra o Cancro; APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima; Fundação Madre Luiza Andaluz e Ajuda de Mãe. Presente na sessão de apresentação esteve a presidente da direcção de A Farpa, Filipa Martinho, que agradeceu o apoio, principalmente por comemorarem 25 anos. “Ficamos duplamente felizes”, agradeceu a dirigente. As pulseiras para a festa, que se realiza no sábado, 30 de Setembro, no CNEMA, estão à venda desde 4 de Setembro e podem ser compradas nas lojas do comércio local de Santarém e também online. O grupo Asas Pela Vida quer chegar ao maior número de pessoas, de diversas faixas etárias.
Ricardo Gonçalves destacou o trabalho desenvolvido pelo grupo Asas Pela Vida que, disse, conseguiu transformar a FestAzul numa festa anual de Santarém em que todos querem participar. O presidente da Câmara de Santarém aproveitou para alertar para a necessidade de se acabar com o estigma da doença mental. “Todos estamos sujeitos a stress diário, a momentos mais tensos e pode surgir uma doença mental. Pode acontecer a todos. Não temos que ter medo de procurar ajuda especializada. Se temos uma gripe vamos ao médico, se surgir um problema de saúde mental temos que procurar ajuda para ficarmos bons”, afirmou.
O autarca acrescentou que o concelho de Santarém precisava que A Farpa tivesse um corpo técnico mais alargado e que as instalações onde trabalham fossem maiores e com mais respostas porque, afirma, essas respostas são fundamentais para o concelho. “O problema é que existe dificuldade nos financiamentos nacionais e nos fundos comunitários para esta área”, lamentou.
A Farpa ajuda pessoas com doença mental
A Farpa foi criada em 1998 dentro do departamento de Psiquiatria do Hospital Distrital de Santarém. Em 2005 abriu a sua primeira valência: o Fórum Socio-Ocupacional. Em 2019 foi aprovado o projecto Inclusivamente, um grande marco da instituição, tendo conseguido alcançar 152 pessoas em oito concelhos do distrito de Santarém onde o Inclusivamente trabalha. Em cerca de três anos fizeram 1.854 intervenções com utentes de saúde mental.
O principal objectivo da instituição é a reabilitação psico-social de pessoas com doença mental e reinseri-las na comunidade através do trabalho ou da sociedade. “É para isso que trabalhamos todos os dias”, reforçou Filipa Martinho. Actualmente têm 12 utentes na instituição e o próximo grande projecto é mudarem de instalações. A Farpa está instalada num espaço perto do CNEMA e até ao final deste ano pretende estar a trabalhar num edifício por trás do antigo presídio de Santarém, num espaço cedido.