Morreu o fotógrafo que registou o nascimento e crescimento da antiga Feira do Ribatejo
Fernando Diniz Ferreira imortalizou em imagens os primórdios da Feira do Ribatejo, na década de 1950. Fotografou o grande evento todos os anos até à mudança para o CNEMA, onde considerava que a feira perdeu vivacidade.
Durante muitos anos repórter fotográfico do quotidiano de Santarém, Fernando Diniz Ferreira morreu no dia 14 de Setembro com 100 anos. O Grupo Académico de Danças Ribatejanas, na sua página de Facebook, emite uma mensagem de pesar mas também de elogio “ao grande Amigo e distinto fotógrafo que captou fotografias de rara beleza e elevada expressão artística do nosso Ribatejo, e especialmente da Feira do Ribatejo, do Festival Nacional de Gastronomia e também dos nossos Grupos que, inclusivamente, acompanhou na nossa digressão a Inglaterra, tendo-se até trajado”.
O grupo informa ainda que o corpo será velado na Igreja de Jesus Cristo (antigo Hospital) a partir das 12h00 desta sexta-feira, sendo celebrada missa às 18h45. No sábado, será celebrada missa de sufrágio, às 10h00, seguindo o funeral para o Crematório de Santarém.
Em Maio de 2015, O MIRANTE publicou uma peça sobre Diniz Ferreira onde recordamos que os dias da Feira Nacional de Agricultura/Feira do Ribatejo em Santarém eram sempre agitados para Diniz Ferreira. Fotógrafo de profissão andava pelas ruas, mesmo ao lado dos toiros e cavalos, para conseguir a melhor imagem. Quando era preciso saltava para cima das tronqueiras e colocava a máquina na posição que lhe permitia captar o melhor ângulo. Adorava o movimento, a velocidade, a cor e o emplogamento das pessoas. Tem milhares de fotografias da Feira Nacional de Agricultura. Todas no antigo Campo da Feira, junto à Casa do Campino. Desde o primeiro ano em que foi convidado a fotografar o evento. Deixou de fotografar a Feira quando esta passou para o CNEMA (Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas), na periferia da cidade.
“A minha Feira da Agricultura é no Campo da Feira, no planalto da cidade. Nunca fui ao CNEMA porque não me sentia à vontade. O ambiente é diferente, acho que a feira perdeu vivacidade ao mudar de local”, afirmava, acrescentando que a cidade ganharia se o certame regressasse ao planalto. Diniz Ferreira foi fotógrafo durante mais de 60 anos. Nasceu no Porto mas vivia em Santarém desde os 27 anos. Veio para a capital ribatejana para fazer sociedade na loja de fotografia Nov’Arte, que se situava em frente ao Teatro Sá da Bandeira, no centro histórico. Entretanto, ficou sozinho a gerir a loja.
Publicou o livro A FEIRA - A Preto e Branco, em co-autoria com José Niza, autor dos textos, também já falecido. Um livro que, segundo se lê na sinopse, “conta a história de uma Feira que já não existe tal qual ela era. Ou que existe apenas nas memórias antigas daqueles que a viveram. São memórias reveladas pelas centenas de imagens da câmara de Diniz Ferreira, o repórter do quotidiano de Santarém ao longo de décadas. E também de José Niza e da sua vida vivida na Santarém dos anos 50. Fusão de imagens com palavras. Fusão de linguagens de uma máquina fotográfica com as de uma caneta”.