Câmara de Alpiarça encaixa 2,3 milhões com venda de prédio em Lisboa
Um edifício na Avenida de Berna com dez apartamentos, que foi doado há décadas por um benemérito à Câmara de Alpiarça, foi vendido em hasta pública por dois milhões e 350 mil euros.
A presidente do município considera que o património não foi devidamente cuidado e o estado de degradação do imóvel acentuou-se. A alienação foi a solução que a autarquia encontrou pois não tem dinheiro para fazer as obras.
A Câmara de Alpiarça vendeu, em hasta pública, um edifício na Avenida de Berna, em Lisboa, com dez apartamentos, por dois milhões e 350 mil euros. O prédio foi doado há décadas pelo benemérito Manuel Nunes Ferreira. A venda concretizou-se depois da Assembleia Municipal de Alpiarça ter aprovado a venda do imóvel em hasta pública. Apareceu apenas um interessado que apresentou a proposta no valor pelo qual foi vendido.
A informação foi dada pela presidente da Câmara de Alpiarça, a socialista Sónia Sanfona, em sessão camarária. A autarca explicou que o edifício está em condições muito precárias. “Se optássemos pela recuperação seria uma elevada despesa para a autarquia, dinheiro que não temos, por isso consideramos mais vantajoso a sua alienação”, justificou Sónia Sanfona. O vereador da CDU, João Pedro Arraiolos, voltou a manifestar-se contra a hasta pública e recordou que o seu partido defende que o imóvel deveria continuar na posse do município e avançar com obras de reabilitação.
Sónia Sanfona referiu, na última sessão da assembleia municipal, que o prédio estava numa condição muito precária em relação à segurança e estabilidade da estrutura. “Em tempos passados, ainda antes da revolução do 25 de Abril, terrenos deste legado foram permutados ou vendidos. Em termos jurídicos podemos fazer a hasta pública e assumo a responsabilidade da decisão. Não podemos adiar mais tempo senão corremos o risco de o prédio cair”, afirmou a autarca socialista.
A autarca lamenta que o prédio em causa não tenha sido alvo de obras de conservação ao longos dos anos que permitissem a sua manutenção em condições para albergar os inquilinos e poder rentabilizar a sua utilização. “Não se fez nada de substancial para a manutenção do prédio. Os inquilinos é que fizeram obras por contrapartidas ao pagamento das rendas. Ou temos capacidade financeira para fazer obras, o que não temos, ou fazemos uma alienação. É uma questão de boa gestão e temos que gerir o património público”, sublinhou, acrescentando que nos últimos meses o município tem tentado libertar, dentro das possibilidades, os arrendamentos que ainda existem naquele prédio.
O eleito da bancada da CDU na assembleia municipal, Mário Pereira, anterior presidente da Câmara de Alpiarça, considerou, na altura, a matéria de grande importância para o município e de grande sensibilidade. “Defendemos que haja um parecer jurídico a explicar todo o processo antes de se tomar uma decisão”, referiu. Sónia Sanfona respondeu que o processo está todo explicado e não se podia correr o risco de adiar a decisão. “Convido todos os deputados a visitarem o prédio. Quando chegarmos à porta tenho dúvidas que queiram entrar”, garantiu a presidente.
Manuel Nunes Ferreira deixou prédios em Lisboa e Amadora
Manuel Nunes Ferreira foi um benemérito que deixou em testamento, datado de 1937, um imóvel urbano sito na Avenida de Berna, nº 44-B (Avenidas Novas), em Lisboa, constituído por prédio urbano composto por dez apartamentos e duas lojas; imóvel urbano sito na Rua Tomás da Anunciação nº 84 e 84-C (Campo de Ourique), em Lisboa, composto por 14 apartamentos e duas lojas; imóvel urbano sito na Avenida Comandante Luís António da Silva, nº 32, na Amadora, composto por dez apartamentos e uma loja.
O benemérito deixou escrito em testamento que deixa os seus bens à “Câmara Municipal de Alpiarça para o Asilo dos Velhos da mesma vila”, que mais tarde se transformou em Instituição José Relvas e posteriormente em Fundação José Relvas, não podendo este legado ter outra aplicação.