Sociedade | 17-09-2023 07:00

Em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão

A Associação para o Desenvolvimento Social e Comunitário de Santarém volta a viver momentos de crise. Direcção da instituição, que tem a base operacional em Tremês, demitiu-se e foi substituída por uma comissão administrativa. As dívidas acumuladas e os litígios internos estão na origem do ambiente conturbado que se vive.

A Associação para o Desenvolvimento Social e Comunitário de Santarém (ADSCS) vive novo momento de agitação interna após a demissão da direcção presidida por Luís Mena Esteves, estando agora a ser gerida por uma comissão administrativa transitória composta por Mário Durão, Alexandra Lopes, Clara Martins e Patrícia Henriques (as três mulheres são funcionárias da instituição). As próximas eleições devem decorrer este ano, disse a presidente da assembleia-geral, Maria Emília Massena. Contactado por O MIRANTE, Mário Durão preferiu não falar nesta altura.
Este é mais um episódio resultante das divergências internas que a associação tem vivido nos últimos anos. Durante muito tempo liderada por Eliseu Raimundo, a ADSCS acumulou uma dívida que colocou em causa a sua sobrevivência tendo que recorrer ao Fundo de Socorro da Segurança Social para garantir a continuidade do seu trabalho na área social.
No final de 2022 a associação voltou a viver momentos conturbados com a demissão do presidente da assembleia-geral. Nuno Gomes bateu com a porta no dia 11 de Dezembro em confronto aberto com a direcção liderada por Luís Mena Esteves, a quem acusou de sonegar informação e de não esclarecer se os elementos da direcção decidiram, em causa própria, remunerar-se pelos cargos que desempenhavam numa IPSS que estava sob assistência financeira do Fundo de Socorro da Segurança Social. Alguns dias depois a primeira secretária da assembleia-geral, Maria Emília Massena, também renunciou ao cargo.
Nesse mesmo mês de Dezembro de 2022 - ainda antes de serem conhecidas as demissões dos elementos da assembleia-geral -, O MIRANTE reportava que depois de ter estado à beira da extinção, sufocada em dívidas, a ADSCS começava a ver luz ao fundo do túnel. A direcção liderada por Luís Mena Esteves, que entrara em funções há três anos e meio, estava a conseguir dar a volta à situação acertando contas com fornecedores e abatendo paulatinamente a volumosa dívida que tinha à Segurança Social, que em 2019 andava nos 644 mil euros. A direcção previa também saldar as dívidas a funcionários que tinham transitado da anterior gestão. Para isso recorreu ao Fundo de Socorro da Segurança Social, uma espécie de tábua de salvação para muitas instituições. Ao todo previa-se a entrada de cerca de 200 mil euros nos cofres da associação no âmbito desse apoio de emergência.
Luís Mena Esteves, que é também presidente da União de Freguesias de Azoia de Cima e Tremês, e a sua equipa permaneceram à frente da instituição até este Verão quando decidiram sair devido às criticas e quezílias internas.

Dívidas rondavam o milhão de euros em 2019
Em Junho de 2019 O MIRANTE já tinha também noticiado que a associação devia cerca de um milhão de euros e o seu futuro podia passar pela extinção. O presidente da associação há mais de duas décadas e seu fundador, Eliseu Raimundo, tinha-se demitido em Abril de 2019 alegando não ter condições para resolver os problemas gerados pelo descalabro financeiro.

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