Praticar skate em Santarém está na moda mesmo com as críticas sobre utilização do espaço público
João Roque e Alexandre Peixe são dois praticantes de skate que utilizam diferentes zonas da cidade de Santarém para a prática de uma modalidade que tem ganho cada vez mais adeptos e que recentemente passou a estar presente nos jogos olímpicos.
Para os praticantes executar manobras no espaço público faz e vai continuar a fazer parte da identidade da modalidade.
A utilização do espaço público para a prática de skate na cidade de Santarém tem gerado contestação e pontos de vista diferentes entre praticantes e cidadãos, mas para João Roque e Alexandre Peixe, dois atletas, as duas posições podem conviver sem existir conflito. Com 16 e 17 anos, respectivamente, os dois estudantes do curso de Línguas e Humanidades da Escola Secundária Dr. Ginestal Machado, fazem da prática do skate um estilo de vida e dizem que faz parte da modalidade a cultura de rua.
João Roque começou a praticar a modalidade por volta dos 10 anos; observava o seu pai a circular em cima da tábua de quatro rodas e surpreendia-se pela capacidade que tinha em executar manobras. O estudante, que também ocupa os tempos livres num grupo musical do qual Alexandre Peixe também faz parte, iniciou a prática na cidade de Santarém, nomeadamente no “Skate Spot” de Vale de Estacas e perto da escola que actualmente frequenta.
A O MIRANTE fala sobre a falta de infraestruturas adequadas na cidade para a prática da modalidade, referindo que o parque de skate de Vale de Estacas não tem as dimensões suficientes. Por causa da falta de espaços, sublinha, os praticantes acabam por recorrer aos espaços públicos que, não tendo sido concebidos para o efeito, permitem aos jovens executar as manobras. “Muita gente não gosta e vê-nos como vândalos ou marginais, mas nós não nos sentimos assim. Simplesmente somos obrigados a utilizar o espaço público por falta de infraestuturas”, salienta, acrescentando que já viveu alguns episódios onde foi tratado de forma mais hostil por alguns cidadãos mais agressivos. João Roque considera ainda que Almeirim, Abrantes e Tomar estiveram sempre mais à frente do que Santarém nesta matéria. “Santarém, sendo a capital de distrito, não tem nenhuma infraestrutura e por isso somos vistos como delinquentes que andam por aí a destruir o património”, vinca, recordando que já na altura em que o seu pai praticava havia falta de espaços.
Para João Roque e Alexandre Peixe realizar manobras e deslocar-se pela cidade em cima do skate é uma forma de se esquecerem dos problemas do dia-a-dia, quase como uma terapia. “Quando vou a andar com os meus amigos só estou a viver aquele momento e a divertir-me”, revela João Roque, que admite não haver um dia em que não saia de casa com a sua tábua e auscultadores onde ouve música enquanto se diverte.
A incerteza do futuro
Para João Roque e Alexandre Peixe o futuro é algo que os preocupa. Defendem que, enquanto jovens estudantes, devia existir mais informação sobre o que os espera quando tiverem de ingressar, se for o caso, na universidade. Para além da visita à Futurália, evento que decorre na Feira Internacional de Lisboa, existe pouca informação sobre as escolas, universidades e institutos que têm possibilidade de vir a frequentar no futuro.