Sociedade | 23-09-2023 10:00

Projecto Bata Branca está em risco em Benavente

Projecto Bata Branca está em risco em Benavente
Provedor da Misericórdia de Benavente Norte Jacinto diz que Bata Branca pode ficar em breve sem médico

Médicos do projecto Bata Branca em Benavente preferem dar consulta nos concelhos onde recebem mais à hora. Misericórdia de Benavente defende como solução imediata uma comparticipação financeira do município.

Benavente corre o risco de ficar sem médico ao abrigo do projecto Bata Branca, que resulta de um acordo estabelecido entre a Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo e a Santa Casa da Misericórdia de Benavente. De acordo com o provedor da Misericórdia, Norte Jacinto, os médicos preferem dar consultas noutros municípios onde são melhor remunerados. O provedor diz que a ARS não actualiza há cinco anos os valores pagos à instituição ao abrigo do protocolo e por isso até ao final do ano a solução imediata passa pela Câmara de Benavente. “O que está a ser pago aos médicos é insuficiente e temos transmitido isso à câmara. A ARS também tem conhecimento mas não me responderam”, disse a O MIRANTE.
A ARS transfere para a Misericórdia de Benavente 27 euros por cada hora de trabalho do médico. A instituição paga ao clínico 22 euros e fica com cinco euros para fazer face às despesas. Norte Jacinto defende que esta verba de cinco euros deve ser paga pela câmara, tal como acontece com o Bata Branca no município de Azambuja e que conta com comparticipação financeira da autarquia. “Não temos margem nem é nossa obrigação usar verbas da instituição para a saúde. Se não tiver médicos não posso continuar com o acordo”, reitera o provedor.
O presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho, explica a O MIRANTE que os serviços jurídicos estão a avaliar a possibilidade de ser a autarquia a suportar o valor através das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS). O autarca admite que a situação tem sido difícil no concelho mas lamenta que a proposta da câmara não tenha sido aceite pelo ministro da Saúde. “Estávamos dispostos a suportar financeiramente as retribuições da Unidade de Saúde Familiar de modelo A para modelo B. O ministro achou que não devíamos ir por aí porque iam deixar de existir esses modelos. O Bata Branca é uma consulta de recurso mas não temos o fundamental que é ter um médico com a proximidade ao utente”, diz.

Santo Estêvão sem médico
A Misericórdia de Benavente tem há vários anos um acordo com a ARS para colocação de médicos no Serviço de Atendimento Permanente (SAP) de Benavente. Norte Jacinto diz que a escassez de médicos também afecta esta valência, que está a ser colmatada com médicos da instituição. Trata-se de clínicos que prestam serviço um ou dois dias por semana, consoante a sua disponibilidade. Neste momento a Extensão de Saúde de Santo Estêvão está sem médico depois de a médica ter desistido.
O provedor relata também o caso recente de uma médica cubana que não quis colectar-se e que, por isso, ao fim de um ano de serviço a instituição pagou cerca de 20 mil euros à Segurança Social e a médica foi para Espanha.
Norte Jacinto conta ainda que a GNR foi chamada ao Centro de Saúde de Benavente para identificar um médico. A Guarda foi chamada por um utente por alegadamente não ter sido atendido. O provedor diz que esta situação se deve sobretudo à decisão tomada pela anterior directora do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo ter permitido que utentes de outros concelhos, como Vila Franca de Xira e Azambuja, pudessem recorrer ao SAP.

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