Burocracia governamental encarece obras nas urgências de Abrantes em 700 mil euros
A empreitada de requalificação do Serviço de Urgências do Hospital de Abrantes foi novamente adjudicada no dia 7 de Setembro, agora por 3,6 milhões de euros. Um valor bastante acima do que estava previsto e que resulta do arrastar do processo que teve origem no Ministério das Finanças.
A empreitada de requalificação das urgências do Hospital de Abrantes do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) foi adjudicada no dia 7 de Setembro à empresa Wikibuild por 3,6 milhões de euros (ME) e vai custar mais 700 mil euros do que o valor inicialmente previsto, devido ao arrastar do processo causado por questões burocráticas.
O presidente do conselho de administração do CHMT, Casimiro Ramos, referiu à Lusa que a empreitada “já havia sido adjudicada há um ano” mas para avançar, “carecia que de uma extensão de portaria, que nunca foi publicada”, e “só com o plano de actividades do CHMT aprovado, em Maio último, foi possível avançar para a consignação da obra”, não sem antes abrir novo procedimento concursal.
“Contactámos as duas empresas que haviam concorrido anteriormente, a que venceu e a que ficou em segundo lugar, mas ambas disseram que, pela verba do concurso de 2021, que era de 2,9 ME, já não era possível realizar a obra, devido ao aumento dos preços no mercado, pelo que tivemos de abrir novo procedimento, agora com um valor de 3,6 ME”, tendo a empresa Wikibuild S.A, que já havia vencido o concurso anterior, com procedimento adjudicado em Outubro de 2021, sido a única a concorrer.
Casimiro Ramos disse que agora é “aguardar pelo visto do Tribunal de Contas” e manifestou a expectativa de que a obra, de “vital importância para o fluxo dos doentes do Serviço de Urgência (SU), para as condições de trabalho dos profissionais e para os próprios utentes”, possa “iniciar-se antes do final do ano” [2023], tendo um prazo de execução de 18 meses. “É uma obra de urgências que urge, mais do que muitas outras que também temos em plano e em curso”, vincou, relativamente a uma necessidade identificada desde 2017 e reivindicada pela Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT), autarcas e deputados da região. O valor da adjudicação foi de 2.987.993 euros, a que acresce IVA, ou seja, o investimento total será de 3.675.231 euros (IVA incluído).
Utentes apontam o dedo ao Ministério das Finanças
Em Novembro de 2022 já O MIRANTE noticiava que as obras na Urgência do Hospital de Abrantes tinham projecto, financiamento, concurso feito e empresa escolhida para fazer a obra, mas faltava a assinatura de um membro do Governo numa portaria de extensão para que se concretizasse a adjudicação e o consequente início das obras. A situação foi denunciada pela Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo, que agora voltou a recordar o caso, numa acção reivindicativa realizada em Alferrarede. Numa longa lista de alertas, apelos e reivindicações, sobrou uma crítica para o recente anúncio da adjudicação da empreitada de requalificação da Urgência Médico-Cirúrgica de Abrantes, obra há muito anunciada e cujos atrasos fizeram aumentar o valor da obra em “mais quase 700 mil euros” e “sem castigo para os responsáveis”, tendo apontado ao Ministério das Finanças.