Sociedade | 25-09-2023 10:00

Comboios já mataram seis pessoas este ano na região

Comboios já mataram seis pessoas este ano na região
Foto de simulacro em Março deste ano em Vila Nova da Rainha visou melhorar procedimentos em caso de acidente ou atropelamento ferroviário

Desde o início do ano três pessoas perderam a vida em estações que atravessam o concelho de Vila Franca de Xira, uma outra em Azambuja e duas no Cartaxo e Santarém. Agravamento das condições de vida pode ajudar a explicar crescimento dos números. Os acidentes ferroviários preocupam as autoridades de socorro que fazem simulacros para melhorarem os procedimentos, como reflecte a foto que ilustra este artigo.

A Linha do Norte entre os concelhos de Vila Franca de Xira e Santarém já foi palco este ano da morte de seis pessoas, valor que já ultrapassou os números do ano passado, onde nesse troço perderam a vida cinco pessoas.
A estatística aumentou com o atropelamento mortal de um homem na casa dos 50 anos na estação de Vila Franca de Xira na manhã de 15 de Setembro, que obrigou a interromper a circulação na Linha do Norte durante mais de duas horas enquanto se procedia à retirada do corpo. Devido ao facto do corpo ter ficado irreconhecível não foi possível determinar a sua identidade ao fecho desta edição. Segundo apurou O MIRANTE junto de fonte dos bombeiros, não houve nada que o maquinista pudesse fazer, com a vítima a cair inesperadamente na via onde passava o comboio a alta velocidade e quando este estava na estação com outros passageiros. O acidente aconteceu pouco antes das 09h30.
Nos últimos nove meses seis pessoas já perderam a vida no troço da Linha do Norte entre Póvoa de Santa Iria e Santarém. Todas as mortes aconteceram nas estações. Em Março um homem com 70 anos também caiu à linha na estação de Alverca pouco depois das 21h30 e não sobreviveu. A 6 de Abril duas pessoas que iam de mota morreram num atropelamento ferroviário de um Alfa Pendular na zona de Santana/Cartaxo, pelas 16h58.
Em Junho uma mulher de 30 anos foi colhida no apeadeiro de Vila Nova da Rainha depois de ter ido a uma entrevista de emprego num dos armazéns da Plataforma Logística de Azambuja, como O MIRANTE noticiou, devido à falta de segurança do apeadeiro e do acesso aos armazéns logísticos.
A 1 de Julho a circulação de comboios na Linha do Norte voltou a estar interrompida, pelas 10h00, quando uma pessoa caiu inesperadamente à linha na estação da Póvoa de Santa Iria quando passava o Alfa Pendular e perdeu a vida. Antes, a 26 de Dezembro do ano passado, na estação da Vala do Carregado, um homem com 30 anos também caiu à linha e perdeu a vida.

Não ter vergonha de pedir ajuda
Segundo o portal de estatísticas PorData, em 2021 o ano terminou com 33 acidentes ferroviários no país, dos quais resultaram oito feridos graves e 18 mortos. O pico de mortes nas linhas de comboio em Portugal foi alcançado entre 2006 e 2009 com 185 pessoas a perder a vida nesse período.
Em Setembro de 2021 o psiquiatra e piscoterapeuta Vítor Cotovio, em entrevista a O MIRANTE, lembrava que é preciso não ter vergonha de pedir ajuda quando alguém não se sente bem, triste, deprimido ou com pensamentos suicidas. O grito de ajuda sai muitas vezes em silêncio e continua a ser preciso falar dele. O tabu, os sinais ignorados e a falta de respostas persistem. A entrevista pode ser lida na íntegra no arquivo da edição online de O MIRANTE.

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