Continua o braço-de-ferro entre a Junta de Manique e a mercearia em Arrifana
Junta de Freguesia de Manique do Intendente e a responsável pela única mercearia daquela aldeia do concelho de Azambuja continuam longe de chegar a um acordo pacífico. Isabel Calvário diz que cumpriu com a sua parte e acusa a junta de fuga ao acordado.
Três meses depois de a Junta de Freguesia de Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa ter feito um ultimato à gerente da Mercearia da Aldeia, em Arrifana, para abandonar o espaço, continua a existir um clima de tensão e pontos de fractura entre a autarquia e Isabel Calvário. Esse ultimato foi feito por, supostamente, a loja estar a gastar demasiada electricidade e fazer concorrência “desleal” a um café/restaurante na mesma aldeia. A falta de entendimento entre as partes continua a ser um obstáculo ao desfecho deste braço-de-ferro que implica um serviço que grande parte da população da aldeia do concelho de Azambuja considera fundamental.
O presidente da junta, Avelino Correia, reuniu com Isabel Calvário e um advogado contratado por esta no final de Junho para tentarem encontrar pontes, mas três meses depois ainda não conseguiram chegar a um acordo. A responsável pela mercearia afirma que ficou acordado que o estabelecimento ia continuar de portas abertas mediante o pagamento dos gastos a mais com o fornecimento de energia eléctrica (1.200 euros) e que a junta iria fazer um contrato e instalar um contador próprio para a mercearia uma vez que o actual diz respeito a todo o edifício do mercado, mas “nada aconteceu”.
“A luz foi paga naquele dia”, diz a O MIRANTE Isabel Calvário, atestando a afirmação com o respectivo comprovativo de pagamento. No entanto, critica que não lhe tenham sido apresentadas contagens a comprovar que gastou aquela electricidade, que saldou como “doação à junta” uma vez que não tem contrato para a mercearia ali funcionar. O que paga mensalmente são 50 euros pelo arrendamento de duas bancas do mercado.
Isabel Calvário também não vê com bons olhos o facto de a junta de freguesia não ter emitido um comunicado à população a informar que tinha chegado a um acordo com a Mercearia da Aldeia e que o espaço iria continuar aberto ao público. Isto porque, sublinha, quando foi para a acusarem de estar em incumprimento e lhe darem até 1 de Julho para encerrar o estabelecimento aquela autarquia apressou-se a emitir um comunicado que tornou público.
Contactado por O MIRANTE, Avelino Correia disse que “está fora de questão” emitir um comunicado à população e que com Isabel Calvário ainda há, de facto, muito por resolver. O autarca afirma que foram enviados mais montantes relativos à electricidade para esta pagar e que as contagens estão feitas. “Se gasta tem que pagar. A junta não pode andar a pagar as facturas de outros”, referiu.
Admitindo que faz falta a existência daquela mercearia em Arrifana, o presidente de junta afirma, porém, que aquele espaço está registado como arrecadação e que para ser feito um contrato - para mercearia snack-bar - terá que ser feita uma hasta pública. Um procedimento ao qual Isabel Calvário, assim como quem o entendesse, poderiam concorrer.
Isabel Calvário confirmou a chegada de duas novas facturas para pagar, de centenas de euros, mas adianta que se recusa fazê-lo até a junta de freguesia comprovar que aquela energia foi gasta pelo estabelecimento. Um dos valores, critica, foi enviado no mesmo dia em que expirava a data limite de pagamento.