Filarmónica de Aveiras de Cima é um exemplo de resistência com 150 anos
A Filarmónica Recreativa de Aveiras de Cima está a comemorar os seus 150 anos. A banda é composta por 40 elementos, maioritariamente jovens. Tem aumentado o interesse pela colectividade desde que Ricardo Torres e Pedro Canteiro tomaram conta da direcção, mas paira uma nuvem negra sobre a continuidade da vitalidade da instituição.
A Filarmónica Recreativa de Aveiras de Cima é a associação mais antiga do concelho de Azambuja com 150 anos, feitos a 11 de Setembro. A filarmónica tem teatro, o grupo “Cantares de Sempre”, de cantares regionais e tradicionais portugueses, pilates e zumba, movimentando cerca de centena e meia de pessoas. Conta com uma escola de música e orquestra. A colectividade tem mais de 500 sócios e conta com os apoios da junta de freguesia para a escola de música e da câmara municipal para outras actividades. A associação suporta os custos com os instrumentos e fardamento e tem inscrições abertas durante todo o ano.
O aluno mais novo tem seis anos e o mais velho perto de 70. O reportório é adaptado aos eventos e no ensaio para o concerto de aniversário, a que O MIRANTE assistiu, tocaram-se êxitos da música portuguesa e internacionais. O espectáculo tem o apoio da Direcção-Geral das Artes (DGArtes) e vai fazer-se uma viagem pelas áreas existentes e que existiram na filarmónica, nomeadamente as danças de salão que acabaram no ano passado, sendo um dos momentos uma performance acompanhada pela banda. A festa dos 150 anos tem data marcada para 14 de Outubro às 21h00, no Largo da República em Aveiras de Cima.
O presidente e músico, Ricardo Torres, recorda que a colectividade foi a casa de milhares de sócios e que foi sempre o ponto de encontro dos trabalhadores e das pessoas que viviam em Aveiras de Cima, embora hoje em dia seja só um ponto de passagem. “Os próprios sócios não fazem ideia do que se passa cá dentro”, desabafa. “A população ficaria muito triste se esta casa fechasse, mas não faz nada para a manter aberta. Tenho receio porque quando criei a lista para a direcção foi para evitar que a casa fechasse e em Dezembro não sei se haverá direcção sequer”, lamenta Ricardo Torres, que não se recandidata ao cargo.
Ricardo Torres, de 42 anos, entrou para a escola de música da Filarmónica de Aveiras de Cima aos 10 anos e como o clarinete era o único instrumento disponível foi o que agarrou. “Na altura só nos davam o instrumento na lição 100, quando sabíamos a teoria musical quase toda. Era um processo demorado”, recorda. Hoje os alunos escolhem o instrumento e recebem-no no momento em que entram para a escola de música, desenvolvendo a cultura musical e a prática ao mesmo tempo.
O presidente, que é fotógrafo, videógrafo e designer por conta própria, ouve jazz, soul e música clássica nas horas livres, não descartando um bom rock ou a música electrónica. O cargo de presidente surgiu depois de um tempo afastado da banda. “Achei que a banda não estava nas melhores condições e criei uma lista para concorrer às eleições em Fevereiro de 2022. A direcção, cujo vice-presidente é Pedro Canteiro, de 29 anos, um jovem músico que representa a terceira geração da família na banda filarmónica, substituiu os professores de música e o maestro. O jovem João Ramos, que passou por Itália, retomou a casa. Com a mudança, Ricardo Torres afirma que o número de alunos aumentou e que já são 40, maioritariamente jovens e crianças, incluindo o seu filho de 10 anos.