Doação de medula óssea salvou a vida de Maria
Maria tem sete anos e não se recorda de, aos 16 meses de vida, ter sido diagnosticada com uma leucemia muito rara.
O dador de medula óssea foi encontrado e salvou a vida da menina de Santarém que hoje faz a sua vida normal. Na altura, o país mobilizou-se em campanhas de inscrição para dador de medula óssea na esperança de ajudar a bebé. Em Maio de 2016 chegou a boa notícia. Uma conversa com os pais de Maria para assinalar o Dia do Dador de Medula Óssea que se celebra a 16 de Setembro.
Sentada no sofá da sala de sua casa Maria, de sete anos, está atenta aos desenhos animados que passam na televisão. Cerca de seis anos depois do transplante de medula óssea para tratar uma leucemia, é uma criança feliz, extrovertida e aventureira. A menina de Santarém nasceu a 18 de Dezembro de 2015 e aos 16 meses foi diagnosticada com leucemia mielomonocítica juvenil, uma rara variante da leucemia. Na altura o país mobilizou-se em campanhas de inscrição para dador de medula óssea na esperança de ajudar a bebé. Em Maio de 2016 chegou a notícia que a família mais esperava: tinha sido encontrado um dador de medula óssea compatível para Maria.
A menina não tem memórias do que lhe aconteceu mas os pais já lhe contaram que esteve doente e que teve que fazer um transplante de medula óssea. “Explicamos de maneira infantil, de modo a que ela compreenda. Quando for mais velha contaremos tudo de forma mais adulta”, explica a mãe. Os pais, Rita Mota e Miguel Rosa, lembram-se da angústia que sentiram quando os médicos lhes deram o diagnóstico e a pressão para encontrar um dador compatível. “São momentos que ficam gravados na memória. Ainda falámos com a médica sobre ter outro filho para se poder fazer o transplante. A médica foi muito directa e, além de nos explicar que a compatibilidade entre irmãos pode ser de apenas 25%, disse-lhes que Maria não tinha todo o tempo de uma gestação para fazer o transplante. Foram meses complicados”, recorda Miguel Rosa.
Rita Mota esclarece que há sempre o risco da doença voltar, embora quanto mais tempo passe menor é a probabilidade. Decidiram não ter outro filho porque não quiseram correr o risco de que acontecesse o mesmo. “A doença pode sempre voltar ou podem surgir outras doenças oncológicas. As pessoas transplantadas têm risco cardiovascular maior. A sua doença é genética mas como há predisposição maior na nossa família para este tipo de doença não quisemos arriscar ter outro filho, que poderia desenvolver a mesma doença ou outra semelhante”, explica o casal.
Gratidão para toda a vida
O sistema imunitário de Maria é normal, pode é desenvolver outro tipo de reacções, por exemplo, a uma simples infecção. Os pais recordam o dia em que souberam que tinha sido encontrado um dador. “O IPO ligou-nos para marcarmos datas para os exames de transplante antes da médica nos informar. Percebemos que estava tudo a avançar ainda antes da médica nos confirmar. Foi uma alegria muito grande. Somos muito gratos à pessoa que teve a generosidade e altruísmo para doar parte da sua medula e com isso salvar a vida da Maria, que é a nossa vida”, sublinha Rita Mota.
Maria frequenta o terceiro ano de escolaridade e é uma menina feliz. Como o seu caso foi muito falado e a página criada para encontrar um dador continua activa a menina costuma perguntar aos pais porque é que “tantas pessoas” a conhecem. A menina de Santarém continua a ir ao IPO uma vez por ano. A última vez foi em Abril e os exames estavam todos bem. Maria faz a sua vida normal. “Corre, brinca, faz nódoas negras, é uma criança feliz. Vivemos uma vida tranquila mas sempre atentos à saúde da nossa filha”, refere Miguel Rosa.