Sociedade | 26-09-2023 07:00

O bombeiro mais antigo e a primeira mulher dos Municipais de Tomar

O bombeiro mais antigo e a primeira mulher dos Municipais de Tomar
José Homem e Andreia Mendes são os sapadores dos Bombeiros do Município de Tomar com mais anos de serviço

Nos Bombeiros do Município de Tomar, Andreia Mendes integrou o primeiro grupo de mulheres a fazer a recruta como voluntária e é a primeira mulher profissional, com muito ainda para dar à corporação.

José Homem é bombeiro há quatro décadas, sapador desde 2021, tal como Andreia, e consciente das limitações físicas da idade vai pedir a reforma este ano, mas não vai dar folga ao amor que tem pelos bombeiros.

José Homem e Andreia Mendes são os dois operacionais com mais anos ao serviço dos Bombeiros do Município de Tomar. Ele entrou como voluntário em 1981, com 17 anos de idade, por influência dos seus amigos que já eram voluntários e faziam do quartel também um ponto de encontro quando não estavam em serviço. Ela tem 38 anos e deu os primeiros passos no quartel em 2004 aos 18 anos. Integrou o primeiro grupo de mulheres a fazer a recruta na corporação e foi a primeira bombeira da categoria sapador em 2021.
Habituados a verem desgraças, são os casos que envolvem crianças ou jovens os mais difíceis em termos emocionais. As situações de paragens cardiorrespiratórias também não são fáceis pela impotência que muitas vezes sentem por não conseguirem reanimar a vítima, o mesmo sentimento que têm por verem casas a arder e não conseguir lutar contra a força do fogo. José Homem e Andreia Mendes entraram em alturas em que muitos jovens ainda tinham um fascínio pelos bombeiros e por servirem o próximo. Hoje “preferem estar em casa nas tecnologias”, lamenta José Homem.
José Homem leva seis décadas de vida e quatro décadas de bombeiro voluntário. Foi assistente operacional na área de bombeiro e protecção civil e em 2021 entrou para os quadros de bombeiro sapador. Uma das situações que destaca é a necessidade de se ter uma grande capacidade mental para não ser afectado pelas situações. Andreia Mendes sublinha o caminho que as mulheres tiveram de fazer para mudar estigmas, mentalidades e provar aos homens que conseguiam fazer as mesmas tarefas.
Se um bombeiro não consegue ver sangue, não está no sítio correcto, realça a bombeira que está na profissão por gosto porque “temos que perceber que não vamos ficar ricos aqui”, diz, acrescentando que “a profissão tem de nos satisfazer e completar sem olhar ao dinheiro”. A evolução nos bombeiros permite ter outras condições de trabalho, como o apoio psicológico aos operacionais, sublinha José Homem, que realça ainda as frequentes formações na área da saúde, pré-hospitalar, incêndios urbanos e florestais e desencarceramentos. O conhecimento permite avaliar a vítima e fazer uma triagem para encaminhar a vítima para o hospital mais indicado. Antigamente era mais chegar ao local, carregar a vítima e levá-la para o hospital.
De entre as situações que marcam os bombeiros, José Homem, que consciente das suas limitações físicas pensa reformar-se este ano, recorda dois partos que fez dentro da ambulância. “É gratificante ajudar a trazer uma vida ao mundo”, recorda. Andreia Mendes, que foi escuteira, admite que quando ainda era voluntária e estava desempregada lhe passou pela cabeça desistir. Mas salienta que de todos os trabalhos que teve não há nenhum que a preencha tanto como ser bombeira. A sensação de alívio das pessoas quando os bombeiros chegam e o sentimento de agradecimento é uma “sensação impagável”, realça.

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