Dona de carro incendiado na Póvoa de Santa Iria espera por respostas há quatro anos
Fátima Carvalho ficou com o carro destruído pelo fogo quando o veículo se encontrava estacionado junto a uma ilha ecológica que ardeu. Câmara de Vila Franca de Xira declinou responsabilidade e terão de ser os tribunais a decidir quem tem razão.
Quatro anos depois de ter visto o seu automóvel arder por completo quando estava estacionado junto a uma ilha ecológica - que também ardeu totalmente - na Rua Alberto Sanches de Castro, na Póvoa de Santa Iria, a proprietária do veículo continua à espera de respostas e de responsáveis pelo sucedido.
O automóvel ardeu às 04h15 do dia 21 de Janeiro de 2019 devido, segundo a dona, Fátima Carvalho, a um incêndio num conjunto de contentores para o lixo e ecopontos municipais que estavam inseridos no parque de estacionamento. As chamas propagaram-se ao seu veículo. “Tinha o carro há três anos e estava a pagar crédito do mesmo faltando ainda nove mil euros. Sou mãe solteira, trabalhadora independente, tenho dois filhos e pago os meus impostos. O carro era e é indispensável para eu poder trabalhar e assumir as minhas responsabilidades”, lamentou na última reunião de câmara de Vila Franca de Xira. Segundo a moradora, desde então tem tentado que a câmara assuma a responsabilidade, mas sem sucesso.
“O processo foi enviado para a Polícia Judiciária, investigado e arquivado. Os serviços municipais sugeriram que teria sido o meu carro a entrar em autocombustão e que foi essa a causa da destruição do vosso ecoponto. Conhecem algum caso de carro desligado às quatro da manhã que tenha entrado em autocombustão? Eu não”, criticou, lembrando que não são raros os casos de colocação de brasas nos caixotes do lixo que acabam por gerar incêndios. Fátima Carvalho questiona por que motivo a autarquia não assumiu a responsabilidade através do seguro de responsabilidade civil do município e lembra que após o acidente os ecopontos não voltaram a ser colocados onde estavam anteriormente.
“Estou triste que aos 42 anos tenha de implorar para que alguém tome posição ou tente acelerar este processo. Peço ajuda ao presidente para que isto possa ser desbloqueado pelos serviços na esperança que se evite longos anos em tribunal”, apelou a munícipe.
O presidente do município, Fernando Paulo Ferreira, lembra que em situações desta natureza a câmara tem seguros destinados a compensar os danos causados por equipamentos públicos. “Nas situações em que se aplica essa responsabilidade à câmara, o seguro intervém”, garante. No entanto, nesta situação, o autarca lembra que o município já se pronunciou e que só alterará a sua posição com uma sentença judicial. “Numa situação normal tendo a câmara concluído que não tinha responsabilidade no acidente só um juiz a poderá fazer intervir ou alterar a sua posição”, explicou.
No concelho, recorde-se, há vários casos recentes de automóveis destruídos em incêndios, a maioria junto de ecopontos e sobretudo no Inverno. Um dos mais recentes aconteceu no final de Março deste ano, no Forte da Casa, onde dois automóveis e contentores de resíduos ficaram destruídos pouco depois das 02h00 e onde se acredita que a causa terá sido um fogo posto em alguns dos monos de madeira que se encontravam depositados junto dos contentores.