Sociedade | 30-09-2023 21:00

Quando o automóvel não faz parte da rotina diária

Quando o automóvel não faz parte da rotina diária
Apesar de ter carta de condução João Soares utiliza habitualmente bicicleta eléctrica por ser uma opção mais ecológica. Jorge Romariz adquiriu uma trotineta eléctrica para se deslocar pela cidade de Santarém para evitar os constrangimentos do trânsito. Catarina Jesus e Ana Marques utilizam com frequência a rede de autocarros Scallabus uma vez que vivem fora do planalto de Santarém

Com o aumento do preço dos combustíveis no topo da actualidade e o combate às emissões poluentes na agenda mundial O MIRANTE falou com pessoas que não usam o automóvel nas suas deslocações para conhecer as suas razões e motivações.

O Dia Europeu Sem Carros celebrou-se a 22 de Setembro sem o alarido e acções mediáticas de outros tempos.

João Soares, Jorge Romariz e Catarina Jesus são alguns dos afortunados portugueses a quem a escalada vertiginosa dos preços dos combustíveis não causou mossas no orçamento pessoal pois não dependem do automóvel para as suas deslocações. João Soares, de 64 anos, é residente em Santarém há mais de três décadas. Já reformado, apesar de possuir carta de condução, utiliza habitualmente a bicicleta eléctrica por ser uma opção mais ecológica e “uma alternativa excelente ao carro”.
Interrogado sobre a evolução do uso de meios de transporte alternativos ao automóvel na cidade João Soares entende que a autarquia não olha para os meios alternativos de deslocação como uma opção real. Apesar de considerar a medida adoptada pelo município de encerrar algumas ruas do centro histórico de Santarém como um incentivo fraco à mobilidade suave, reconhece que faz sentido a zona histórica da cidade deixar de ser local de passagem para automóveis. “Não se vê, de facto, nenhumas medidas na cidade em favor das pessoas que queiram andar de bicicleta e que queiram optar por outros meios alternativos”, admite João Soares, especialmente numa altura, como indica, de subida dos preços dos combustíveis e de agravamento da situação económica da população para se deslocar. “Para mim é triste a cidade não proporcionar aos seus munícipes outras formas de deslocação em segurança”, afirma o ciclista de 64 anos.

Circular de trotineta tem os seus riscos
Habituado a outro modo alternativo Jorge Romariz, de 34 anos, prefere a sua trotineta eléctrica para realizar algumas das deslocações que faz pela cidade de Santarém, onde reside. Esta opção, que vê como mais económica, permite-lhe ser mais autónomo e evitar certos constrangimentos de trânsito e estacionamento rodoviário. Ter arranjado uma trotineta tornou-se numa opção assim que percebeu o desgaste e cansaço que sentia ao deslocar-se pela cidade nos seus trajectos rotineiros. Ainda assim, admite, a trotineta não se trata de um meio de deslocação essencial, mas sim de uma conveniência, na circulação pela cidade. No cenário de tirar a carta de condução, afirma que o automóvel seria utilizado apenas quando fosse necessário.
Jorge Romariz refere que existem várias artérias em Santarém onde não é possível circular com a devida segurança. Destaca o troço da Calçada do Monte como um dos mais inseguros. “Tens medo de ir para a estrada e levares com um carro ou tens medo de atropelares algum peão que se tem de desviar dos carros para conseguir subir a rua”, elucida, considerando que o uso do capacete durante a circulação em espaço público já deveria ser obrigatório.
Em Portugal, o uso de capacete em trotinetas eléctricas, velocípedes análogos e bicicletas não é obrigatório apesar de ser aconselhado. Relembrando o acidente que teve em Dezembro de 2022, no qual não usava capacete, Jorge Romariz explica que, durante a circulação, sempre que se encontre uma curva apertada o recomendável é abrandar a trotineta e atravessar o troço o mais calmamente possível. Felizmente, o acidente que sofreu não causou mais do que ferimentos ligeiros.

Autocarro continua a ser opção
A autonomia, rapidez e conforto que proporciona pode fazer com que o uso do automóvel seja uma preferência em relação aos transportes públicos. Ana Marques e Catarina Jesus, de 22 e 21 anos, respectivamente, concordam sobre o aspecto da rapidez do automóvel em relação ao autocarro, meio de transporte que habitualmente utilizam nas suas deslocações.
Catarina Jesus, que tal como Ana Marques frequenta o Politécnico de Leiria, utiliza com regularidade a rede de autocarros Scallabus uma vez que vive fora do planalto da cidade de Santarém. Para esta estudante, há necessidade de existirem algumas carreiras com horários mais prolongados. Além disso, Catarina Jesus indica que existem poucos autocarros que permitam uma deslocação directa para outras zonas do distrito. Apesar de ainda não possuir carta de condução a estudante admite que quando já tiver adquirida a licença não vai dar o mesmo uso que dá actualmente ao transporte público, dada a menor agilidade na deslocação.

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