Sociedade | 02-10-2023 12:00

Os desgostos de amor dão mesmo cabo do coração

Os desgostos de amor dão mesmo cabo do coração
Luís Nuno, cardiologista de Vila Franca de Xira, diz confiar nos profissionais do Serviço Nacional de Saúde em caso de necessidade

Entre todas as causas de doenças cardíacas que afectam o coração os desgostos de amor podem proporcionar sintomas semelhantes a um enfarte do miocárdio.

Luís Nuno, cardiologista de Vila Franca de Xira, já atendeu vários casos de ‘corações partidos’. Uma conversa no âmbito do Dia Mundial do Coração que se assinala a 29 de Setembro.

Sofrer por amor, seja por um amor não correspondido ou por um que nos deixa para sempre, pode mesmo partir o coração e não apenas num sentido figurado, proporcionando sintomas semelhantes a um enfarte do miocárdio. Quem o garante é Luís Nuno, cardiologista de Vila Franca de Xira há mais de quatro décadas e que já atendeu diversos pacientes com o problema. Um fenómeno que, na comunidade científica, é conhecido por Síndrome de Takotsubo. “Os desgostos de amor podem causar doenças cardíacas sobretudo em pessoas mais novas. Quando a pessoa sofre um choque emocional ou um stress muito elevado pode ter uma dor no peito, o coração reage e dá a sensação de um enfarte”, revela a O MIRANTE.
Só a realização de um electrocadiograma ou de um ecocardiograma permite despistar o diagnóstico de enfarte e a cura acaba por demorar vários dias ou semanas dependendo da severidade dos sintomas. Não fica também descartada a possibilidade de deixar sequelas.
Viver num estado de permanente stress e ansiedade também pode causar danos ao coração, alerta o especialista. “A ansiedade e o stress levam a maior hipertensão e a crise económica a que as pessoas se alimentem pior. Tudo isso tem repercussões a nível cardíaco”, conta o clínico, que diz lamentar que as pessoas se preocupem com o coração mas que o tratem muito mal no dia-a-dia. “Falta de exercício, alimentação rica em gorduras e sal, álcool e tabaco. A hipertensão e a arterioesclerose são muito perigosas. Suicídios silenciosos onde o doente se mata a ele próprio por falta de cuidado e diagnóstico atempado”, avisa.
Nas suas consultas o médico recomenda aos pacientes uma caminhada de pelo menos uma hora por dia e que troquem o sal por salicórnia, uma planta que não interfere com a tensão arterial. Diz que Portugal tem da melhor cardiologia do mundo e que a comunidade pode confiar sem receios. O problema que existe, diz, é na falta de organização dos meios existentes. Elogia as viaturas rápidas de emergência e reanimação (VMER), considerando que fazem a diferença no auxílio a vítimas de enfarte mas lamenta o estado dos cuidados de saúde primários (centros de saúde), onde muitas patologias podiam ser prevenidas atempadamente caso estas unidades funcionassem em pleno.
“Se tiver uma doença grave ou uma emergência hospitalar procuro o Serviço Nacional de Saúde. São quem melhor trabalha no país. Ainda que, em algumas situações de cirurgia programada, não descarte os hospitais privados mas apenas pelas melhores condições”, conclui.

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