Trasladação dos corpos do antigo cemitério de Alverca longe de estar concluída

Maioria das campas rasas já foi mudada para o novo cemitério de Alverca mas ainda faltam os jazigos que são uma competência da junta de freguesia.
Autarca quis dar tempo às famílias para que pudessem decidir o que fazer e não esconde que está contra a ideia de desactivar o cemitério.
Foi um erro desactivar o velho cemitério de São Sebastião, no centro de Alverca, e a operação foi feita erradamente e sem qualquer respeito por quem lá estava sepultado nem pelos seus familiares. A convicção é de Cláudio Lotra, presidente da União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho, que garante que os trabalhos estão a decorrer nos prazos previstos apesar das queixas ouvidas por eleitos na última assembleia de freguesia.
“A história de uma cidade e de um povo não se apaga e aquele cemitério, apesar de estar no centro da cidade, fazia parte da nossa história e devia ter sido preservado e não ter sido arrasado como foi”, explica o presidente da junta de freguesia a O MIRANTE. O autarca refuta a ideia de que o processo de trasladação dos corpos tem andado a passo de caracol e defende que o assunto, pela sua sensibilidade, tem de ter prazos mais alargados.
“Não quisemos mexer sem notificar as famílias e dar-lhes o tempo necessário para decidirem o que fazer com os seus entes queridos. Este é um processo moroso e sensível. Não é um assunto para ser tratado à pressa nem descuidadamente como foi tratado anteriormente”, critica.
Ao fim de 40 anos, recorde-se, foi assinado um contrato interadministrativo entre a Câmara de Vila Franca de Xira e o anterior executivo da junta, liderado por Carlos Gonçalves, da CDU. O que ficou determinado foi a câmara exumar as campas rasas e a junta de freguesia tratar os jazigos. A câmara limpou a quase totalidade das campas rasas enviando para cremação as ossadas que não foram reclamadas pelos familiares. Ficaram apenas algumas por remover porque não podem ser retiradas sem os jazigos serem removidos primeiro. A junta diz já ter afixado um edital dando um prazo às famílias para reclamarem os corpos de familiares sepultados em jazigos. Dos 14 jazigos apenas duas famílias reclamaram a posse das ossadas que deverão, em princípio, ser trasladadas para o novo cemitério em campas perpétuas.
“Dos restantes 12 jazigos que não foram reclamados estamos agora a iniciar o processo com a agência funerária porque a ideia é fazermos as cremações e criar um espaço no novo cemitério para essas cinzas serem colocadas com as identificações dos falecidos”, explica Cláudio Lotra.
O assunto foi também abordado na última assembleia de freguesia com João Fernandes, do Bloco de Esquerda, a lamentar o arrastar dos trabalhos e a lembrar que o espaço é de contemplação e deve ser cuidado. “Não pode estar ao abandono nem ser palco para pragas sanitárias como está actualmente”, alertou. Depois de tudo concluído o espaço do antigo cemitério vai dar lugar a um jardim da memória, onde a população poderá passar momentos de lazer, descanso e contemplação.