Sociedade | 09-10-2023 12:00

Instalada a confusão no Hospital de Santarém com a suspensão das cirurgias adicionais

Instalada a confusão no Hospital de Santarém com a suspensão das cirurgias adicionais
Ana Infante, administradora do hospital, diz que já não consegue melhorar mais as escalas

Perante a recusa de alguns médicos de cirurgia e internos de especialidade em fazerem mais que as 150 horas extraordinárias previstas na lei, a administração do Hospital de Santarém decidiu suspender todas as cirurgias em horário suplementar.

Os médicos agora têm de fazer as operações e as consultas em horário normal e estão menos tempo nas urgências, o que está a provocar elevados tempos de espera. Há médicos que entendem que esta medida vai criar uma divisão entre profissionais.

A decisão da administração do Hospital de Santarém de suspender as cirurgias adicionais por parte dos cirurgiões que recusam fazer mais do que as 150 horas extraordinárias está a gerar uma confusão. O hospital diz que está a tomar medidas de contingência. Vários médicos consideram a medida como uma chantagem para enfraquecer os especialistas nas reivindicações com o Ministério da Saúde. A unidade já veio alertar para a ocorrência de “elevados tempos de espera” nos serviços de Urgência Geral, nas especialidades de cirurgia e medicina.
Em declarações a O MIRANTE, a administradora Ana Infante diz que já não consegue melhorar mais as escalas e que foi obrigada, tal como outros hospitais, a tomar medidas de contingência. E destaca que o Hospital de Santarém é dos que mais paga em horas extraordinárias, revelando que há médicos a ganharem 20 a 30 mil euros anuais de trabalho suplementar. O que o hospital fez foi acabar com a realização de cirurgias em trabalho suplementar, obrigando os médicos a fazerem as cirurgias e consultas no horário normal de trabalho.
Os profissionais estavam a fazer urgências e depois desse período do seu tempo de trabalho, 40 horas semanais, faziam as cirurgias em modo de trabalho extraordinário. Alguns médicos entendem que esta medida vai criar confusão entre profissionais e há quem não veja com bons olhos o facto de a directora clínica, que é médica, ter assinado a decisão da administração. Actualmente, a par dos enfermeiros, os médicos são os funcionários públicos com maior carga horária, já que todos os outros apenas fazem 35 horas semanais.
O braço de ferro do Ministério da Saúde com os médicos está a levar ao aumento dos tempos de espera nas urgências nas áreas da cirurgia e medicina interna. A unidade hospitalar pede aos utentes que façam o contacto prévio com a Linha SNS 24 (808 24 24 24), salientando que a mesma disponibiliza aconselhamento e encaminhamento em situação de doença. Num cartaz afixado nas urgências, o hospital diz lamentar “os transtornos causados” aos utentes com a situação.
Recorde-se que o conselho de administração do Hospital de Santarém justificou a medida com o pedido “realizado por vários médicos especialistas e internos de especialidade” que manifestaram a sua “indisponibilidade para prestarem todo e qualquer trabalho suplementar para além do limite máximo de 150 horas”. Face a esta recusa, “fica suspensa a actividade adicional cirúrgica a realizar pelos elementos que manifestaram esta indisponibilidade, a partir do dia 2 de Outubro e enquanto esta se mantiver”, lê-se numa comunicação interna. O hospital ressalva a excepção às cirurgias que já se encontravam agendadas antes de 2 de Outubro, acrescentando que poderão “os tempos operatórios ser distribuídos por outras especialidades, consoante a lista de espera”.

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