Mário Cantiga recusa demitir-se e acusa opositores de dizer mentiras e absurdos
Autarca de Alhandra tem estado na mira dos opositores políticos e da língua afiada de alguns moradores que pedem a sua demissão depois de não terem gostado de ver o executivo faltar à manifestação contra o alargamento da linha de comboio.
Nenhum eleito do executivo da Junta de Freguesia de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz esteve presente na manifestação popular promovida a 23 de Setembro contra o alargamento da linha de comboio em Alhandra e essa decisão não caiu bem entre algumas franjas da comunidade e autarcas.
Na última Assembleia de Freguesia de Alhandra, realizada a 26 de Setembro, o descontentamento foi levado à presença do presidente da junta, Mário Cantiga, por autarcas e por Mário Correia, morador de São João dos Montes, que criticou o silêncio que paira sobre a junta, de maioria socialista, no que diz respeito ao projecto de alargamento da Linha do Norte em Alhandra e Vila Franca de Xira. “As pessoas a manifestarem-se na rua e as forças políticas escondidas atrás do argumento bacoco de não saberem tudo. Sabem o que existe e continuam a empurrar com a barriga, a esconderem-se, não se manifestam, não estão ao lado do povo. O povo esteve na rua e eles estiveram escondidos”, criticou Mário Correia.
O morador também não teve dúvidas em pedir a demissão do executivo. “Se não estão cá para defender os interesses das pessoas a solução é irem-se embora. Estão aqui a fazer o quê? Preocupados com os buracos nas estradas?”, criticou. Também os eleitos do Bloco de Esquerda e da CDU condenaram a ausência do executivo da junta do protesto, partilhando da opinião que o projecto vai causar uma enorme destruição na vila.
Mário Cantiga, na resposta, garante que não se demite e acusa alguns moradores de escreverem “mentiras e absurdos” nas redes sociais sobre a sua pessoa garantindo que não conseguiu estar presente por já ter outros compromissos. “Não nos escondemos. Na democracia há a possibilidade de estar de um lado, do outro lado ou em lado nenhum. Ninguém sabe ainda a minha opinião sobre o assunto”, vincou o autarca, que não deixou de notar a expressão “redutora” do movimento de cidadãos.
“Em Alhandra vivem 12 mil pessoas, no vosso protesto estavam pouco mais de uma centena e desses posso à vontade tirar 60, era mais gente de Vila Franca de Xira do que de Alhandra. Por isso não nos venham pedir a demissão”, atirou o presidente da junta. Sem tirar justiça ao protesto popular, que elogiou, o autarca explicou que a seu tempo cada junta terá de tomar posição sobre a situação. “Eu nunca aceitaria a opção B, que cortava Calhandriz ao meio e acabava com o Badalinho em favor de Alhandra. A desgraça ainda seria maior. Não quero estar do lado do contra pelo contra. Estou para mediar e não para contrariar”, explicou Mário Cantiga.
O autarca de Alhandra prometeu até final do ano ter uma posição pública sobre o projecto da Infraestruturas de Portugal para a linha de alta velocidade que, em Alhandra, poderá obrigar a demolir a estação e a arrancar mais de duas centenas de árvores numa das principais avenidas da localidade. Em Vila Franca de Xira o presidente da junta, Ricardo Carvalho, já disse estar de acordo com o alargamento da via para quatro linhas.