Sociedade | 11-10-2023 10:00

Moradores querem solução para os maus cheiros da Greif

Moradores querem solução para os maus cheiros da Greif
Moradores reclamam dos maus cheiros da Grief e querem solução definitiva

Fábrica da Póvoa de Santa Iria tem sido alvo de reclamações ao longo dos anos por causa do mau cheiro. Moradores estão cansados e querem uma solução definitiva. A empresa diz que os odores se devem a um pico de produção. Agência Portuguesa do Ambiente garante estar a acompanhar o assunto e a impor medidas adicionais.

Os moradores da Póvoa de Santa Iria que residem junto às instalações da fábrica da Greif voltaram a reportar maus odores provenientes da empresa. A situação é recorrente e costuma acontecer ciclicamente. Rui Lopes conhece bem o problema. Reside na Praceta Sacadura Cabral há 33 anos. Na cozinha não pode ter a janela aberta e mesmo fechada o cheiro entranha-se na garganta. “Desde que me levanto até meio da tarde é um cheiro insuportável. Isto é um caso de saúde pública. Quem me garante que estes químicos não fazem mal à saúde?”, questiona.
Na mesma praceta reside há 16 anos Alcina Soares. Todos os dias sente o mau cheiro no ar, principalmente da parte da manhã quando apanha transportes públicos. Em casa não abre as janelas. Se a situação não for resolvida os moradores ponderam avançar com um abaixo-assinado dirigido às entidades fiscalizadoras. Já em 2022 os moradores tinham denunciado o problema a O MIRANTE. Na ocasião referiram ser um odor tóxico e que nem sequer se conseguia estar nas esplanadas dos cafés junto à fábrica.
Rui Lopes já enviou reclamações para a Junta de Freguesia da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa. Segundo a presidente do executivo, Ana Cristina Pereira, são recebidas queixas esporádicas dos moradores que são reencaminhadas para a Greif. “Fizeram um investimento de meio milhão de euros numa máquina para filtrar os odores. A fábrica tem obrigação de preservar o meio ambiente onde está inserida. Não queremos o encerramento da empresa mas queremos solução para os maus cheiros”, diz Rui Lopes.
A Câmara de Vila Franca de Xira garante que os serviços monitorizam todas as indústrias existentes no concelho, sempre que existe alguma participação relativamente a questões de salubridade. “Ainda que estas matérias não sejam da competência directa do município, as mesmas são sempre remetidas à Agência Portuguesa do Ambiente e à IGAMAOT, no âmbito das suas competências e responsabilidades. No corrente ano apenas foi recepcionada uma queixa relativamente a laboração da empresa Greif, a qual deu entrada nos serviços na semana transacta, sendo que a queixa terá o encaminhamento já mencionado”, diz a autarquia.

Greif admite que pode ter sido uma situação pontual
A Greif diz que algum mau cheiro que possa ter sido sentido se deveu a um pico de produção e que em Novembro e Dezembro de 2022 foi feita a manutenção anual ao RTO (Regenerative Thermal Oxidizer), equipamento que permite reduzir a emissão de odores em larga escala, instalado na fábrica há cerca de sete anos. “Foram substituídas todas as cerâmicas, tendo sido colocada cerâmica nova com vista a aumentar a capacidade do RTO, o que se veio a verificar. No ano de 2023 reduzimos a nossa produção em 30% (deslocalização para Espanha), e passámos a laborar com menos um turno, situação essa que aliada à intervenção de monta feita no RTO no final de 2022, fez com que o RTO passasse a ter capacidade para a absorção dos odores de toda a produção, tornando desnecessária a instalação de um segundo RTO – podemos afirmar que com o aumento da capacidade do actual RTO e a redução da produção, o actual RTO tem capacidade para absorver os odores provenientes da laboração da fábrica”, disse a empresa ao jornal.
A Greif diz que instalou uma nova tubagem que passou a reencaminhar a maioria dos efluentes gasosos para o RTO e que se preocupa em escolher matérias primas que tenham ausência de impacto na saúde dos trabalhadores e população. “Não podemos deixar de afirmar que também temos como postulado a manutenção dos postos de trabalho, e queremos continuar a contribuir para o índice de empregabilidade do país, e em particular da comunidade onde nos encontramos”, declara a empresa.

APA impôs medidas
A unidade industrial fabrica embalagens metálicas pesadas efectua a reparação e manutenção de produtos metálicos, utilizando solventes orgânicos para o revestimento de superfícies metálicas, havendo, consequentemente, emissão de Compostos Orgânicos Voláteis (COV) para a atmosfera.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) esclarece que a Greif Portugal Lda é abrangida pelo regime PCIP-Prevenção e Controlo Integrados da Poluição desde Outubro de 2009, quando foi emitida a primeira decisão de licenciamento ambiental. “A APA tem conhecimento das reclamações ocorridas e, desde então, no âmbito do acompanhamento do licenciamento ambiental, tem imposto um conjunto de medidas adicionais a este operador”, diz.
A APA acrescenta que a última reclamação recepcionada foi em Junho de 2022 e que a mesma foi remetida à IGAMAOT, tendo em conta que a APA não tem competências de inspecção/ fiscalização.

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