Autarcas de Vila Franca de Xira querem explicações da administração do hospital
Vereadores da Câmara de Vila Franca de Xira falam em utentes negligenciados no hospital da cidade e exigem audição urgente. Ponto de partida foi a ameaça deixada por um vogal do conselho de administração a uma utente depois de esta se ter queixado do serviço.
Os “casos repetidos de utentes que são negligenciados” pelas decisões do conselho de administração do Hospital de Vila Franca de Xira, liderado por Carlos Andrade Costa, “têm que acabar” e, por isso, a coligação Nova Geração (PSD/PPM/MPT) apresentou em reunião de câmara uma proposta para que seja realizada uma audiência urgente à gestão daquela unidade. O documento foi presente à última reunião do executivo, mas a sua discussão e votação foi adiada para a próxima sessão, devido à visita da ministra da Justiça ao Tribunal de VFX que obrigou a terminar a reunião mais cedo que o previsto no dia 4 de Outubro.
O ponto de partida para a exigência de que a administração do hospital venha prestar contas do que está a acontecer na sua unidade surgiu depois de se saber que uma utente do hospital foi ameaçada com uma queixa-crime após se ter queixado do serviço, como O MIRANTE noticiou na última edição. A missiva, onde a utente é avisada de que a sua queixa será remetida para o Ministério Público devido a conteúdo difamatório, foi assinada por António Eça Pinheiro, vogal do conselho de administração do hospital.
Na proposta que vai ser remetida à vereação lê-se que o hospital “encontra-se diariamente confrontado com a perda de qualidade dos serviços” após o fim da Parceria Público Privada, incluindo atrasos nos encaminhamentos hospitalares e ameaças de encerramentos de urgências. “A tudo isso respondem-nos com o facto de estarem a criar o hospital mais tecnológico do país”, notam os autarcas, que não compreendem como é que a gestão do hospital considera o deteriorar dos serviços “uma percepção dos utentes não correspondendo à realidade”. Na visão do PSD e da Nova Geração, “nada podia estar mais longe da verdade sendo revelador de uma cegueira operacional e de gestão que coloca as pessoas em último lugar com responsabilidades directas da tutela”, lê-se no documento.
A proposta dos vereadores lamenta ainda o número de utentes a depararem-se constantemente com uma situação caótica, dizem, que se verifica desde os serviços de triagem até aos blocos de internamento que muitas das vezes “se encontram sobrelotados de pacientes e sem o devido acompanhamento de auxiliares de saúde ou seguranças no local”. A proposta exigindo a audição ao conselho de administração termina dizendo que os casos repetidos de utentes que são negligenciados pelas decisões do conselho de administração liderado por Carlos Andrade Costa “têm que acabar”.
Entidade Reguladora avalia queixa
Na última semana O MIRANTE deu nota da queixa de uma utente que o hospital considerou difamatória e que prometeu enviar para o Ministério Público. Questionado sobre ter ameaçado uma utente com um processo em tribunal, o hospital escolheu ficar em silêncio.
Já a Entidade Reguladora da Saúde (ERS), questionada sobre se é comum os hospitais ameaçarem com processos em tribunal os utentes que se queixam do serviço, preferiu não comentar o caso concreto por já ter sido submetido à ERS o processo de reclamação e estar ainda em análise. De qualquer modo, acrescenta, não se inclui no âmbito específico de intervenção daquela entidade reguladora “qualquer valoração quanto à decisão do prestador de remeter a factualidade para o Ministério Público que é quem será competente para avaliar da eventual prática de ilícito criminal”.