Câmara de Alcanena admite encerrar indústrias que originam poluição e maus cheiros
População de Alcanena continua a ser castigada com episódios de maus-cheiros e poluição provocados pela indústria dos curtumes. O presidente do executivo municipal afirma que já foram levantados autos de contra-ordenação e que, no decorrer da próxima semana, será feito um último aviso às empresas.
O tema da poluição e maus cheiros em Alcanena provocados por algumas empresas ligadas ao sector dos curtumes voltou a ser debatido na última sessão camarária, com o presidente da câmara a garantir que poderá ter de tomar medidas extremas caso as empresas continuem a não cumprir com as suas obrigações. Rui Anastácio afirmou que, em último caso, o município deverá decretar o encerramento das indústrias que não cumpram com os requisitos. Na reunião, que se realizou a 2 de Outubro, Rui Anastácio explicou ainda que a empresa municipal Aquanena tem fiscalizado, diariamente, os processos de pré-tratamento das fábricas.
A baixa de Alcanena e a área envolvente do miradouro têm sido os pontos onde os maus cheiros se têm feito sentir mais nos últimos tempos. Rui Anastácio afirma que estão identificados dois possíveis causadores e que vai ser feito um último aviso às empresas para que possam tomar medidas de controlo. Caso isso não aconteça, admite proceder ao encerramento de fábricas incumpridoras, sublinhou.
Tal como já foi notícia em várias edições de O MIRANTE, os maus cheiros regressaram a Alcanena de forma mais intensa no início deste ano, sendo que, em Fevereiro, a vereadora da oposição, Lucília Lopes, alertou o executivo para a necessidade de se agir para controlar a situação. Na altura, os autarcas que compõem a maioria no executivo explicaram que a Aquanena já se encontrava a fiscalizar as empresas. Como a situação se manteve inalterável, O MIRANTE esteve em Alcanena em Agosto e falou com três moradores, Ilda Cardoso, Valdemar Henriques e Jorge Rosa, que afirmaram não compreender a impunidade que existe para com as empresas poluidoras.
No mês passado, Alcino Martinho, presidente do Centro Tecnológico da Indústria do Couro (CTIC), e Joaquim Inácio, proprietário da Curtumes Fonte Velha, falaram com O MIRANTE e afirmaram que as indústrias são as principais interessadas em ver a situação resolvida o mais rapidamente possível. Alcino Martinho e Joaquim Inácio reconhecem que existem empresas que não cumprem as normas e que estragam a imagem do sector, devendo ser fortemente punidas.