Sociedade | 21-10-2023 10:00

O tratamento das cataratas evoluiu imenso e é muito mais simples e eficaz

O tratamento das cataratas evoluiu imenso e é muito mais simples e eficaz
Ofltamologista do Hospital CUF Santarém, Ricardo Oliveira com a paciente Emília Silva que foi operada às cataratas

A catarata é a principal causa de cegueira no mundo, mas que é curável actualmente com técnicas avançadas em que há apenas uma pequena incisão e recurso a ultrassons.

A propósito do Dia Mundial da Visão, que se assinalou a 13 de Outubro, o oftalmologista do Hospital CUF de Santarém, Ricardo Oliveira, explica que esta doença está relacionada com a idade e que basta entrar na velhice para ela aparecer, apesar de haver casos mais precoces. O Hospital CUF Santarém tem apostado na diferenciação e no alargamento dos cuidados, dispondo de equipamentos de ponta como um facoemulsificador, que é a tecnologia mais precisa, menos invasiva e mais segura para o tratamento cirúrgico da catarata.

Pela experiência que tem, o problema das cataratas é muito acentuado nesta região? Estamos num país e numa região com uma população particularmente envelhecida. A catarata é uma doença praticamente inevitável nos mais idosos. Ou seja, desde que vivamos até à velhice vamos ter cataratas. Desde que a pessoa tenha uma vida longa vai ter catarata mais cedo ou mais tarde.
Mas afecta mesmo toda a gente? Homens e mulheres? Sim! É um processo natural de envelhecimento de uma lente natural do nosso olho chamada cristalina, porque é transparente como o cristal. E quando opacifica, deixa de ser transparente e isso afecta a visão. É como termos uma lente de uma máquina fotográfica que ficou estragada e a imagem não passa. E quando isso acontece temos uma catarata e isso determina uma baixa de visão.
E qual é a idade a partir da qual podem surgir as cataratas? Geralmente é depois dos 65 anos, mas pode acontecer mais cedo, aos 30, 40 ou 50 anos. A partir desta idade já tende a haver alguma forma de catarata. Quanto mais anos se tem, mais frequentes são as cataratas, mas também existem pessoas mais jovens que têm cataratas. Existem outras situações derivadas de tratamentos prolongados com corticoides que também influenciam o seu aparecimento, por exemplo. A exposição solar também é um factor que aumenta a velocidade com que a catarata aparece. Depois há ainda as cataratas traumáticas. Quando há um acidente com um olho pode gerar-se uma catarata, que é diferente. Pode dar-se também a particularidade de haver cataratas congénitas, que vêm de nascença, mas que são situações mais raras.
É possível perceber-se que alguém vai ter cataratas mais cedo? Às vezes há um padrão familiar em que toda a gente na família tem cataratas muito cedo, mais cedo do que o normal.
É fácil a pessoa perceber que tem catarata ou os sinais não são evidentes? A pessoa não chega ao médico a dizer que tem catarata. Pensa sempre que é dos óculos. O principal sintoma é a baixa de visão, ou seja, quando a pessoa nota que está a ver pior.
Se a pessoa deixar arrastar a catarata sem tratamento quais são as implicações? Há duas desvantagens em deixar a catarata estar muito tempo sem ser tratada. Uma é porque é muito penoso para as pessoas andarem com uma visão muito baixa, porque isso afecta a vida pessoal e profissional. Há pessoas que deixam de trabalhar porque deixaram arrastar demasiado a situação. Por outro lado, a própria cirurgia torna-se mais complexa.
A catarata só pode ser tratada com cirurgia? O tratamento da catarata é cirúrgico, mas a cirurgia da catarata evoluiu imenso. Actualmente, o objectivo já não é só tirar a catarata, mas é também colocar uma lente que substitua aquela que tirámos que é calculada de forma personalizada para aquele olho para que não só recuperemos uma visão como tenhamos a melhor autonomia. Antigamente, só se operava catarata quando a pessoa cegava.
Como é que evoluiu o tratamento das cataratas? O Hospital CUF Santarém tem feito um investimento grande em tecnologia de ponta para permitir um melhor cálculo das lentes que são implantadas no doente. Também tem tecnologia que permite uma cirurgia mais confortável com uma recuperação mais rápida. O hospital dispõe também de um sistema avançado de controlo de pressão ocular durante a cirurgia. Temos um nível de equipamento que é pouco comum fora dos grandes centros, associado a uma equipa diferenciada.
Como é a cirurgia às cataratas? Temos uma incisão de cerca de dois milímetros que sela por si. Isto permite que não seja necessário dar pontos no final. Não há que ter medo. Já tivemos pessoas com 43 anos que não viam uma única letra e que depois são operadas e voltam a ter uma visão a 100% e pessoas de 80 e de 90 tais anos que recuperam a visão 100%.
A cirurgia é feita com laser? Essa é uma dúvida que nos perguntam imenso. A cirurgia actual à catarata é feita com ultrassons.
Com que periodicidade as pessoas devem ir ao oftalmologista? A periodicidade não é igual para toda a população. Mas há um caso particular que é muito importante. As crianças devem sempre ser observadas antes de entrarem na escola. Elas não percebem que vêem mal. A falta de visão pode desencadear problemas de aprendizagem e desenvolvimento que facilmente seriam evitadas pelo simples uso de óculos, por exemplo. Os diabéticos devem ser observado anualmente, mesmo sem alterações da visão. A restante população deve ser observada pelo menos quando tem queixas.

Emília Silva foi operada no Hospital CUF Santarém

Foi operada às cataratas na CUF Santarém e agora vê a vida muito melhor

Emília Silva andava a ver mal e pensava que era uma questão que simplesmente resolveria com óculos de ver ao perto, que comprou, mas que raramente usava porque não gostava e incomodavam. Começou a sentir dificuldades em fazer algumas tarefas que gosta, como crochet ou ler livros de Daniel Silva e Ken Follett, que são os seus autores preferidos. A professora aposentada, que reside no concelho de Santarém, em Torre do Bispo, fez o tratamento à catarata e a sua vida mudou.
Tal como muita gente, a professora de 70 anos foi deixando a situação arrastar-se. Até um dia em que estava no Hospital CUF de Santarém à espera de uma consulta e um casal se aproximou para a cumprimentar e ela não via bem as feições das pessoas, que minutos mais tarde percebeu tratar-se de uns vizinhos do tempo em que viveu no Entroncamento, cidade onde deu aulas no primeiro ciclo durante muitos anos e onde o marido era militar de carreira. Nesse momento dirigiu-se ao balcão de atendimento e marcou uma consulta para a oftalmologia. Fez a cirurgia da catarata em Abril e desde então nunca mais teve as incómodas dores de cabeça que tinha.
Diz em jeito de brincadeira que a primeira vez que olhou para o espelho, horas depois da cirurgia, até conseguia ver bem as rugas. No primeiro dia após a cirurgia, quando acordou e olhou para a mesa-de-cabeceira conseguiu ver o pó, lembra de forma divertida. Conta que já andava há algum tempo com falta de visão, mas que não pensava ter cataratas. Chegou a ter algum receio porque “com os olhos somos sempre mais medrosos”. Mas depressa descansou quando o médico lhe disse que o tratamento era simples.
Emília Silva faz agora uma vida normal, conduz e trata das suas flores na casa onde está a aproveitar a reforma. Já lê e faz crochet sem dificuldades e sem óculos porque na cirurgia às cataratas foi-lhe colocada uma lente multifocal, uma nova geração de lentes que permitem que a pessoa veja bem ao perto e ao longe.

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