Insónia pode ser um dos primeiros sintomas de depressão e afecta 50% da população
Um sono desadequado na primeira infância pode promover obesidade, problemas emocionais e um desenvolvimento cognitivo abaixo do normal. A qualidade do sono e as horas que dormimos ainda são desvalorizados. As consequências de quem dorme menos horas podem traduzir-se em doenças. Assunto foi debatido durante 6º Encontro de Cardiopneumologia que decorreu no auditório da Quinta das Pratas, no Cartaxo.
A qualidade do sono e as horas que dormimos ainda são desvalorizados, o que não deveria acontecer. As consequências para quem dorme menos horas podem traduzir-se em doenças como hipertensão, eventos cardiovasculares como um acidente vascular cerebral; diabetes; obesidade; alterações da tiróide, fraqueza dos sistema imunitários; depressão e ansiedade. O alerta foi deixado pela cardiopneumologista do Hospital Distrital de Santarém (HDS), Eva Rodrigues, durante o 6º Encontro de Cardiopneumologia da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). A iniciativa decorreu na sexta-feira, 20 de Outubro, no auditório da Quinta das Pratas, no Cartaxo.
Eva Rodrigues e Vânia Cruz, também cardiopneumologista do HDS, falaram sobre a importância da higiene do sono. Vânia Cruz destacou um inquérito da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, de 2018, a mais de 600 portugueses com idade igual ou superior a 25 anos e verificou que 46% dormia menos de seis horas por dia; 40% tinha dificuldade em manter-se acordado durante as actividades diárias; 32% considerava ter um mau sono; 21% tinha insónia inicial, ou seja demoravam mais de 30 minutos a adormecer, e 18% assumiam tomar medicação para dormir.
A saúde mental, saúde física, estilo de vida, stress, exercício físico e alimentação influenciam a qualidade do sono. “A forma como vivemos pode ter um grande impacto na qualidade do nosso sono porque uma boa noite de sono é fundamental para estarmos bem e equilibrados no dia-a-dia. Se não dormimos bem vai-se reflectir no nosso organismo”, alertou Eva Rodrigues. As cardiopneumologistas explicam que não se devem fazer sestas depois das 15h00 nem comer na hora de deitar ou durante a noite. Fumar, ficar acordado na cama ou fazer exercício físico duas a três horas antes de dormir também se deve evitar. A cafeína, álcool e bebidas estimulantes também devem ser evitados depois das 16h00.
Em relação aos mais novos, os padrões de sono vão-se alterando nos primeiros anos de vida e cerca de 25% das crianças apresenta problemas de sono, que também afecta os pais que são os seus cuidadores. Na primeira infância um sono desadequado pode promover obesidade, problemas emocionais e um desenvolvimento cognitivo abaixo do normal. Além disso, reforçam as cardiopneumologistas, não se devem quebrar as rotinas das crianças para que o sono seja regular.
O facto de crianças e jovens terem aulas até mais tarde, actividades extracurriculares e desportivas e mais tempo ligados aos ecrãs de telemóveis e computador prejudica na hora de dormir. A falta de uma boa qualidade de sono na adolescência pode provocar diminuição na capacidade de atenção; alterações de humor; comportamentos hiperactivos ou agressivos e comportamentos de risco. Estas situações devem prevenir-se com horário de acordar e deitar regulares; evitar sestas e não estar ligado aos ecrãs durante muito tempo de noite.
Insónia afecta 50% da população
A insónia pode ser um dos primeiros sintomas de depressão ou de outra doença mental e não deve ser desvalorizada. Segundo Susana Lucas, pneumologista do Hospital Distrital de Santarém, de acordo com a Classificação Internacional do Sono, a insónia afecta 50% da população e perturbações respiratórias relacionadas com o sono também provocam insónia.