Sociedade | 31-10-2023 10:00

Sinalização induzia condutores em erro e o radar de Foros de Almada fartou-se de facturar

Sinalização induzia condutores em erro e o radar de Foros de Almada fartou-se de facturar
Luciano Moura tem 11 multas para pagar que ascendem a 660 euros.

Automobilistas dizem-se vítimas do radar fixo colocado na Estrada Nacional 119, em Foros de Almada, por erro de sinalização e vão contestar multas. Um sinal de limite de velocidade de 70 km/hora levou muitos condutores a circularem acima do limite de 50 km/hora que o radar permite. Sinalização foi entretanto revista e clarificada.

Centenas de condutores continuam a contestar as multas que receberam por passarem a mais de 50 km/hora no radar fixo colocado na Estrada Nacional 119, em Foros de Almada, concelho de Benavente. Tal como O MIRANTE noticiou, os automobilistas dizem ter sido induzidos em erro porque quem se desloca no sentido Santo Estêvão - Biscainho (Coruche) encontra junto ao Restaurante Zambujeiro o sinal de radar e logo depois um sinal de proibição de circular a mais de 70 km/hora e o sinal de fim de povoação. Mas a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) considera que até ao limite da povoação de Foros de Almada a velocidade legal para circular é de 50 km/hora apesar de haver um sinal a indicar o limite de 70. Os condutores estão revoltados e consideram que se trata de uma “ratoeira”, além de dizerem que não faz sentido o radar ter sido colocado quase à saída da povoação.
Depois das queixas, há cerca de duas semanas, foi colocado um sinal de proibição de circulação a mais de 50 km/hora a seguir ao sinal de 70km/hora no sentido Santo Estêvão - Biscainho e no sentido oposto também colocaram um novo sinal de 50km/hora.
A alteração surge já depois de Luciano Moura ter sido multado 11 vezes. Diariamente faz duas vezes o trajecto Montijo-Coruche para se deslocar para o trabalho e relata que sempre esteve ali o sinal de 70km/hora. Há um mês as multas começaram a aparecer e já perfazem um total de 660 euros, valores que não sabe como vai pagar. “Fui informar-me à GNR e disseram que podia recorrer das multas mas que ia ser difícil porque a placa de localidade sobrepõe-se à placa de 70km/hora. Explicaram que podia pedir para pagar as multas em prestações e que não era o primeiro a queixar-me à Guarda. Fui mais uma vítima deste radar”, lamenta. Agora passa naquela zona a 40 km/hora e só espera que não cheguem mais multas a casa.
José Real Pereira, de 68 anos, diz também ser uma vítima do radar. Pagou em Setembro quatro multas de 120 euros cada e recebe pouco mais de 700 euros de reforma. “A placa de velocidade de 70 km/hora é uma ratoeira e a prova é que já colocaram a placa, em ambos os sentidos, com o limite de 50 km/hora. Entretanto já me roubaram 480 euros. O que me sobra para pagar medicamentos, luz, água, gás, etc. Não há justiça neste país?”, desabafou a O MIRANTE. Já Fernando Dias recebeu até à data duas multas porque diz que só faz aquele percurso de vez em quando. Mesmo assim vai contestar através de e-mail para as várias entidades.

Condutores devem reclamar
O MIRANTE solicitou esclarecimento à Infraestruturas de Portugal (IP) mas sem resposta até ao fecho desta edição. A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) já tinha afirmado, antes da colocação dos novos sinais de 50km/hora, que o sinal de início de localidade (N1a) estabelece os limites do início do regime de circulação dentro das localidades, que, entre outros aspectos, determina a velocidade máxima de circulação de 50km/h. Assim, este sinal elimina os efeitos do sinal C13 que estabelece um limite máximo superior, mas que perde vigência com a fixação do referido sinal N1a.
Custódio Tomé, formador de condução automóvel e especialista em segurança rodoviária, classifica a situação como “uma pulhice”. O radar está dentro das placas de povoação e correctamente está a 50 km/hora. Só que, incorrectamente, está colocado o sinal de velocidade máxima de 70km/ hora que induz os condutores em erro. “O sistema é legal mas é deselegante fazerem este tipo de prevenção que não é prevenção rodoviária nenhuma. Naturalmente que as pessoas devem contestar a situação junto da ANSR porque só assim conseguimos alterar as coisas”, explicou o especialista.
Recorde-se que o radar fixo de Foros de Almada foi aquele que registou maior número de ocorrências em Setembro, um mês após a sua entrada em funcionamento.

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