Os moinhos de Eurico Brito são atracção turística nas Moreiras Grandes
Eurico Brito, de 85 anos, vive em Moreiras Grandes, concelho de Torres Novas. Foi operador fabril e vendedor de fruta, mas encontrou a sua verdadeira paixão na arte de fazer moinhos, aviões e bonecos.
Quem passa em Moreiras Grandes, concelho de Torres Novas, não fica indiferente aos moinhos expostos no quintal da casa de Eurico Brito, de 85 anos, que já fez mais de duas centenas de artigos nas últimas três décadas. Nasceu em Caldas da Rainha e trabalhou em Lisboa durante uma dúzia de anos numa fábrica que produzia material que era utilizado em cirurgias médicas. Depois foi para o Canadá durante cerca de cinco anos onde trabalhou como operador de fábrica a afinar peças de aviões e, mais tarde, numa fábrica de refinação de líquidos no mesmo país.
Quando voltou para Portugal decidiu ir viver para a terra da sua mulher, em Moreiras Grandes, onde começou a venda ambulante de fruta. Nas horas vagas teve a ideia de começar a fazer moinhos, aviões e bonecos manualmente para se entreter. Eurico Brito estava longe de imaginar que tinha encontrado a sua verdadeira paixão. Reformado há quase 20 anos diz a O MIRANTE, que o visitou numa tarde de quinta-feira, que já não tem “paciência” nem disposição para continuar os trabalhos manuais. Explica que se dedicava, principalmente, aos moinhos para depois os vender. O artesão, que gosta de trazer sempre um sorriso no rosto e que tem no seu cão o melhor amigo, tem orgulho no que construiu e gosta de mostrar a quem quer ver as dezenas de moinhos que tem no quintal da sua casa de família. “Gosto de mostrar a minha arte”, sublinha.
A ideia de começar a construir moinhos surgiu ao relembrar-se dos moinhos antigos que via quando vivia na sua terra natal, em Santa Catarina, Caldas da Rainha. O primeiro moinho que fez tem mais de 30 anos e tem aproximadamente 1,20 metros. É forrado a pedra e tem quatro janelas apesar de normalmente terem apenas uma ou duas. “Quando cá vinha alguém para ver os moinhos queriam sempre ver o primeiro que fiz mas eu avisava-os que não o vendia porque sabia os defeitos dele”, conta. Para fazer um moinho utilizava um bidon de chapa para o molde e estrutura. Por dentro colocava uma rede em volta para segurar a massa e ia enchendo cada dia uma parte até ficar completo. O topo é feito em ferro, assim como o veio para a roda das velas que na ponta é de madeira. A estrutura da roda também é de ferro com cordas para segurar as velas de plástico. “O material tem de ser bom para se aguentar muitos anos”, explica. O processo demora pelo menos dois meses. O moinho mais pequeno que fez tem cerca de 15 centímetros e os maiores têm, aproximadamente, 1,20 metros.
Eurico Brito também tem uma colecção considerável de bonecos, aviões e um álbum de fotografias com muitos dos moinhos que já fez. Hoje em dia o negócio está fraco, confessa, mas diz que já vendeu diversos moinhos para clientes da região, do país e além fronteiras.