Miguel Mascarenhas: o Alto Rendimento e a vontade de fazer do Cartaxo um concelho amigo do desporto
Miguel Mascarenhas foi atleta de Alto Rendimento no ciclismo e abdicou da carreira para seguir o atletismo.
O seu palmarés é o espelho de uma troca bem sucedida que lhe valeu um convite para mandatário da juventude e do desporto do Cartaxo. A Gala do Desporto e o Torneio de Futsal Interfreguesias são ideias suas e espera recuperar eventos que traziam atletas de todo o país ao concelho.
Miguel Mascarenhas é um nome conhecido do atletismo. No seu palmarés estão três títulos de campeão nacional, dois deles pelo Sport Lisboa e Benfica, onde foi capitão da primeira equipa a ganhar uma medalha internacional de juniores em pista, o bronze na Taça dos Clubes Campeões Europeus. Atleta de meio-fundo, treina diariamente no Cartaxo pelo Grupo Desportivo do Estreito, da Madeira. Pedro Barbosa, Susana Silva e Rui Silva, medalhado olímpico natural do concelho, foram alguns dos seus treinadores e o objectivo deste ano é voltar ao europeu para ficar mais próximo do Mundial e Jogos Olímpicos.
A primeira modalidade que o jovem de 25 anos praticou foi natação no Clube de Natação do Cartaxo, onde actualmente faz parte da direcção. Passou para o Clube de Ciclismo José Maria Nicolau onde venceu com a equipa duas vezes a Volta a Portugal no escalão de cadetes e jogou futebol no Sport Lisboa e Cartaxo, em paralelo, até aos 11 anos. Aos 12 experimentou o atletismo no Ateneu Artístico Cartaxense e na hora de optar por um desporto deixou as duas rodas para correr. O ciclismo deu-lhe a conhecer a realidade do doping. “Competimos contra equipas que estavam ligadas ao doping e não nos ganharam no terreno. Acho que a Autoridade Antidopagem de Portugal devia fazer um controlo mais apertado porque não é justo atletas que não tenham as mesmas condições de treino e possibilidades financeiras estarem a competir com atletas que estejam dopados. Torna-se um desporto sujo”, argumenta. No entanto, é dos que defende as chamadas “lebres” e admite que já ajudou colegas em provas.
Conciliar desporto e trabalho
Miguel Mascarenhas não gosta de pensar a longo prazo para não queimar etapas. Trabalha a full-time como gestor interno de uma empresa de tractores e treina antes e depois do trabalho. Quando tem de ir ao Grupo Desportivo de Pontével, onde é massagista, vai treinando e estando de olho nos jogadores. No início da pandemia viu-se obrigado a desistir da universidade por não conseguir conciliar os treinos com os estudos e é técnico de gestão desportiva: “faltam condições para os atletas poderem treinar a sério e pensar no atletismo a 100%. No estrangeiro têm em atenção os horários de trabalho e nas universidades há dispensa das aulas para se prepararem para as competições europeias. As federações levam o máximo de atletas às competições e Portugal leva o mínimo”, lamenta.
Os quatro anos em que esteve no SL Benfica foram memoráveis pelas conquistas, mas recorda com amargura o dia em que o clube falhou o compromisso. “No último ano de Benfica tive uma lesão no pé direito que me condicionou a época de Inverno, mas na de Verão consegui atingir os objectivos que o clube me propunha. Infelizmente no acto da renovação a direcção não foi coerente com a sua palavra e saí”, revela. Após o sucedido o jovem conta que a Associação 20Kms de Almeirim foi quem lhe estendeu os braços. Seguiram-se convites de vários pontos de Portugal e acabou por escolher a equipa do Estreito, da Madeira, onde afirma receber o mesmo mas ter mais condições.
O aparecimento da política
Miguel Mascarenhas é mandatário da juventude e do desporto, a convite do presidente da Câmara do Cartaxo, João Heitor, e integra a Juventude Social Democrata do Cartaxo. Revela que está a ser desenvolvido um projecto para o desporto escolar voltar “em peso” às escolas, que passa por uma aposta nas modalidades que estão na moda, como o padel, não esquecendo o corta-mato e o mega sprinter. A Gala do Desporto e o Torneio de Futsal Interfreguesias foram ideias suas e quer recuperar eventos desportivos que fizeram história no Cartaxo. Miguel Mascarenhas espera um dia encontrar a estabilidade que tanto procura. “Claro que tenho esse lado emocional e familiar, o atletismo já me trouxe boas companhias como já me tirou algumas, mas não é uma coisa que podemos estar à procura. Viver um dia de cada vez é o mais importante”, vinca.
A importância da Corrida das Vindimas
Miguel Mascarenhas recorda com saudade o Grande Prémio Rui Silva, mas confessa que tem gostado da dinâmica da Corrida das Vindimas do Cartaxo, que a veio substituir. “Se tiver um bom planeamento e os apoios necessários pode tornar-se numa grande corrida como a Scalabis Night Race, em Santarém”, afirma. “No ano passado ganhei em Santarém e posso dizer que foi das corridas mais bonitas e que mais gozo me deu em fazer pelo percurso, público e prémios”, refere. Recorde-se que Miguel Mascarenhas venceu as duas últimas edições da Corrida das Vindimas que contribuíram para as distinções nas duas galas do desporto do Cartaxo.