Promotores do Projecto Tejo descontentes com declarações da ministra da Agricultura
Os três responsáveis pelo Projecto Tejo, que visa criar reservas de água do Tejo e garantir o abastecimento humano e à agricultura, não gostaram que a ministra Maria do Céu Antunes tivesse dito na entrevista que deu a O MIRANTE que o país nunca terá condições para lançar um projecto desta dimensão.
Manuel Campilho, Miguel Campilho e Jorge Froes, numa posição conjunta, referem que sendo este “um projecto estruturante deve ser aprofundado e discutido com profissionalismo”.
As declarações da ministra da Agricultura na entrevista que deu a O MIRANTE não agradaram aos promotores do Projecto Tejo, um plano para criar condições para ser uma reserva importante de água, para efeitos agrícolas, abastecimento público, lazer ou outras. Os três elementos do projecto, os irmãos Manuel e Miguel Campilho, proprietários da Lagoalva, em Alpiarça, e Jorge Froes não concordam com a posição de Maria do Céu Antunes quando esta disse: “Se me perguntarem se temos condições neste momento para o fazer não temos nem nunca teremos para lançar um projecto desta dimensão”.
Os responsáveis pelo projecto realçam que este é “um projecto estruturante que vai muito para além deste Governo e, como já explicado, pode ser feito por fases, reduzindo significativamente o seu custo”. Os três elementos, que conseguiram que o Ministério da Agricultura se interessasse pelo assunto e mandasse fazer um estudo técnico de viabilidade económica e ambiental, dizem que ainda não têm conhecimento do que se passa com o estudo, que a ministra diz já ter as principais conclusões. Os irmãos Campilho e Jorge Froes referem a O MIRANTE que vão aguardar serenamente que essas conclusões lhes cheguem às mãos.
Assumindo uma postura mais crítica, os ideólogos do projecto, realçando a sua vertente multiusos, sublinham que “não vale a pena colocá-lo na gaveta com o argumento de que é inacessível, mas sim pensar o que deve e pode ser feito para impedir a degradação do Rio Tejo, que se vem acentuando nos últimos anos”. Referem ainda que foi o Projecto Tejo que veio chamar a atenção para a degradação daquele que é o maior e mais importante rio de Portugal, realçando que de entre as várias intervenções propostas no plano, “o controlo da cunha salina e o abastecimento de água ao Oeste são prioritários”.
Os três elementos, numa posição conjunta, aconselham que, sendo este “um projecto estruturante, tal como outros, deve ser aprofundado e discutido com profissionalismo”. E sugerem que o Projecto Tejo pode começar desde já com a construção de um Açude Rebatível no rio Tejo (60 milhões de euros), frente à Azambuja, permitindo controlar a cunha salina. Manuel e Miguel Campilho e Jorge Froes alertam que com este investimento é possível garantir água doce em permanência a toda a Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, com uma área de 13 mil hectares, e possibilitar a rega dos blocos de Valada (Cartaxo) e de Almeirim numa extensão de 15 mil hectares. Explicam ainda que com a instalação de uma estação de bombagem no rio Tejo e respectiva conduta de adução é possível abastecer a região Oeste abrangendo 20 mil hectares de regadio em stress hídrico.
Na entrevista a ministra diz que o estudo foi feito de forma muito criteriosa utilizando as condições actuais. Maria do Céu Antunes salienta que a prioridade será sempre o consumo humano, o abeberamento animal e a produção agrícola, além de outros fins. Questionada na entrevista publicada a 28 de Setembro sobre se o Projecto Tejo veio mostrar que havia uma lacuna a ministra respondeu: “Não sei se veio mostrar que há uma lacuna. O projecto, como foi apresentado, tem muitas dimensões, como a navegabilidade do Tejo, o seu uso para a agricultura”.