Remoção de resíduos da ETARI da Fabrióleo avança em breve
Depois de removidos os 13 depósitos chegou a vez de ser esvaziada a estação de tratamento da antiga fábrica de óleos usados que continua com efluentes tóxicos no seu interior. Trabalhos vão demorar quatro meses.
Os quatro mil metros cúbicos de efluentes perigosos da Estação de Tratamento de Águas Residuais Industriais (ETARI) da Fabrióleo, antiga fábrica de transformação de óleos usados situada em Carreiro da Areia, concelho de Torres Novas, vão começar a ser removidos dentro de um mês. Pelo menos foi essa a expectativa deixada na última reunião do executivo da Câmara de Torres Novas, realizada a 25 de Outubro, pelo vereador com o pelouro do Ambiente, João Trindade (PS).
A Câmara de Torres Novas, recorde-se, tinha aprovado em Julho, a abertura de concurso público para aquisição de serviços para remoção, recolha, transporte e tratamento de resíduos da ETARI (Estação de Tratamento de Águas Residuais Industriais), pelo valor de 702 mil euros mais IVA. De acordo com João Trindade, os trabalhos têm um prazo de execução previsto de 120 dias. “Esperamos que daqui a meio ano tenhamos o problema da ETARI e das lagoas finalmente resolvido”, afirmou o socialista.
O autarca adiantou ainda, em resposta ao vereador Tiago Ferreira (PSD), que quis perceber se há um projecto para reparar todos os danos ambientais causados pela antiga fábrica, que só depois de estar concluída a fase de limpeza da ETARI, que acontece depois de já terem sido removidos os 13 depósitos, fará sentido avançar com a limpeza dos solos, linhas de água e aquíferos. “Sem eliminar os dois focos de poluição [ETARI e depósitos] não podemos demolir, tratar dos solos e linhas de água. Se continua a haver contaminação é como se estivéssemos a limpar e a sujar ao mesmo tempo”, disse João Trindade depois de lembrar que existiram vários derrames para o solo e linha de água.
No entanto, explicou, estão já a ser discutidas e tratadas as questões relativamente ao futuro a dar àquelas instalações e a autarquia já reuniu com uma empresa que faz estudos para a descontaminação de solos e aquíferos. “Já estamos a tratar de um procedimento para a ribeira da Boa Água, Serradinho, Alvorão e parte do [rio] Almonda que é um plano de gestão activo de linhas de água”, pois só desta forma, acrescentou, é que o município se pode candidatar ao Fundo Ambiental e assim conseguir financiamento para a reabilitação destas linhas de água.
Depois de ouvir João Trindade o vereador social-democrata pediu “prioridade” e “celeridade” num processo que preocupa e “envolve a saúde das pessoas”. O presidente do município, Pedro Ferreira (PS), salientou o esforço que aquela autarquia tem feito para que o problema do passivo ambiental da Fabrióleo seja resolvido e mostrou-se satisfeito por terminar este mandato, em 2025, “com uma grande alegria” por “ver resolvida essa situação”.
Fábrica encerrada pelo tribunal
A Fabrióleo fechou portas depois de uma decisão do Tribunal Central Administrativo Sul, em Junho de 2020, depois de, em 2018, a Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI) ter decretado o seu encerramento. Já no período em que não havia actividade foram ocorrendo escorrências de líquidos contaminados para os terrenos adjacentes e ribeira da Boa Água, o que levou o município, na altura, a colocar barreiras de contenção.
A construção da ETARI nunca foi, segundo Pedro Ferreira, aprovada pelo município nem houve qualquer pedido de parecer feito pela empresa. Quanto aos 13 depósitos verticais, que continham entre 80 e 120 metros cúbicos cada, de matérias perigosas foram removidos da Fabrióleo numa acção levada a cabo pelo administrador de insolvência da antiga fábrica.