Câmara de Alcanena esconde caso de legionella em escola
Munícipe foi à reunião camarária pedir explicações ao executivo sobre se houve ou não casos detectados de legionella numa escola do concelho. Oposição no executivo não escondeu indignação por só estar a saber da situação agora. Maioria diz que ordenou encerramento de balneários, mas agrupamento diz que nunca recebeu essa ordem.
A última reunião do executivo municipal de Alcanena ficou marcada pela intervenção do munícipe Jorge Batista, em representação dos encarregados de educação do concelho, que foi pedir explicações sobre se existiu ou não um caso de legionella durante o Verão, por altura da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), e que medidas foram e estão a ser tomadas pela autarquia. O munícipe adiantou que a situação terá ocorrido nos balneários do pavilhão desportivo da Escola Dr. Anastácio Gonçalves e procurou respostas para várias questões: “houve algum surto de legionella no concelho e qual foi a gestão e as medidas tomadas pelas entidades; quem procedeu ao fecho das instalações após 18 de Setembro?; os peregrinos das JMJ foram proibidos de utilizar os chuveiros?; quais foram as diligências tomadas para resolver a situação e em que timings?; qual foi a informação emitida pela Câmara de Alcanena, pelo Conselho Municipal de Segurança e pela escola depois dos alunos terem frequentado um espaço infectado por legionella; porque não houve comunicação?”, questionou.
Alexandre Pires, vice-presidente que substituiu Rui Anastácio na condução dos trabalhos, garante não terem existido surtos no concelho, mas sim um problema “prontamente identificado” e comunicado às autoridades públicas de saúde. O autarca afirma que os espaços foram encerrados e contratadas equipas para proceder às normas exigidas. Alexandre Pires refere que em Julho o município percebeu que estava em incumprimento e que o espaço não tinha as análises actualizadas, tendo sido realizadas de imediato. A 27 de Julho receberam a informação de que foi detectada a bactéria da legionella. Contrataram empresas para fazer a despistagem e neste momento a situação já se encontra regularizada, vinca.
Jorge Baptista lamentou que os alunos tivessem estado em contacto com a bactéria quando já estava a decorrer o ano lectivo, afirmando que o comportamento da câmara “está sujeito a procedimento criminal”. Alexandre Pires afirma que “mandaram encerrar os balneários” e que pode ter acontecido “alguma falha de comunicação entre a escola e a câmara”, mas que o executivo está ali para assumir as suas responsabilidades. Contactada por O MIRANTE, Ana Cláudia Cohen, directora do Agrupamento de Escolas de Alcanena, garante nunca ter recebido nenhuma ordem de encerramento em Julho, “provavelmente porque a escola estava encerrada e o município não achou necessário”. Ana Cláudia Cohen acrescenta que a primeira comunicação que recebeu sobre o assunto foi a 26 de Setembro.
Situação muito grave
Hugo Santarém (PS), vereador da oposição no executivo, usou da palavra para mostrar a sua indignação por não terem recebido qualquer informação sobre a ocorrência de casos de legionella. “Porque é que, na altura, quando pedimos informações sobre as JMJ não nos disseram que os peregrinos foram obrigados a mudar de instalações devido à legionella detectada nos balneários?, questionou, afirmando estar chocado com a situação e pedindo para ter acesso a toda a documentação relativa ao assunto.
À Margem/Opinião
Rui Anastácio anda assoberbado com problemas das suas empresas
O actual presidente da Câmara de Alcanena ganhou as eleições contra a continuidade, que é o mesmo que dizer contra o Partido Socialista e o candidato apoiado pela antiga presidente Fernanda Asseiceira. O grande debate era à volta da necessidade de substituir os políticos acomodados e pouco habituados a darem contas do seu trabalho para fugirem ao escrutínio. Rui Anastácio saiu pior que a encomenda. O actual presidente é prepotente na relação com alguns munícipes e já o foi várias vezes com os jornalistas de O MIRANTE que tentaram falar com ele. Este caso, que deixou em polvorosa o agrupamento de escolas, que garante que não recebeu a informação na data em que se soube da existência da bactéria, prova a incompetência do executivo e do seu líder que, aparentemente, deve estar mais preocupado com a gestão das suas empresas do que do serviço público a que está obrigado.