Sociedade | 08-11-2023 15:00

Cancro não é sinónimo de morte e pensamento positivo é uma ajuda para vencer a guerra

Cancro não é sinónimo de morte e pensamento positivo é uma ajuda para vencer a guerra
Carla Andrino, Joana Cruz, Solange Trindade e Teresa Coelho contaram as suas histórias numa mesa redonda moderada por Diana Mendes, numa iniciativa organizada pela Unidade de Senologia do Hospital Distrital de Santarém, serviço dirigido pela ginecologista Madalena Nogueira

Solange Trindade andava a fazer tratamentos de fertilidade para engravidar. Em 2019 soube que tinha cancro uma semana antes de fazer a sua primeira fertilização in-vitro.

A administrativa contou a sua experiência na mesa redonda “Prevenir é Vencer”, organizado pela Unidade de Senologia do Hospital Distrital de Santarém. Também participaram a actriz Carla Andrino, a radialista Joana Cruz e a enfermeira e docente Teresa Coelho, que ainda está a fazer tratamentos para vencer a doença.

Solange Trindade andava a fazer tratamentos de fertilidade para engravidar. Em 2019 soube que tinha cancro uma semana antes de fazer a sua primeira fertilização in-vitro. Estava deitada no sofá quando ao passar a mão pelo peito detectou um alto na mama. Pensou que fosse fruto dos tratamentos. No dia seguinte passou por uma carrinha de rastreio do cancro da mama e entrou mas não lhe fizeram nada porque os exames eram para mulheres com mais de 50 anos. Foi ao médico, fez exames e regressou ao médico no próprio dia, recebendo a notícia de que havia algo na sua mama e que tinha que ser tratado.
Tinha 34 anos quando o mundo desabou. Natural da Batalha, distrito de Leiria, onde vive, fez a primeira biópsia no Hospital Distrital de Santarém (HDS). Foi-lhe diagnosticado cancro de mama e foi sempre acompanhada no HDS até ter alta. Foi obrigada a interromper os tratamentos de fertilidade mas garante que ainda vai lutar para ser mãe, um sonho que quer concretizar. Solange Trindade foi uma das participantes da mesa redonda “Prevenir é Vencer”, organizado pela Unidade de Senologia do HDS, que decorreu na tarde de sábado, 28 de Outubro, no auditório da Escola Superior de Saúde de Santarém, para assinalar o Outubro Rosa, mês dedicado ao cancro.
Na mesa redonda, moderada por Diana Mendes, estiveram também a radialista Joana Cruz e a actriz Carla Andrino. Joana Cruz conta que é uma mulher atenta e sempre fez os seus exames médicos com regularidade. “Prefiro estar sempre à frente dos problemas e conseguir antecipar-me a eles”, afirmou. Em Dezembro de 2020 também estava deitada no sofá quando sentiu um alto do tamanho de uma ervilha e decidiu antecipar os seus exames umas semanas.
Na primeira consulta o médico disse-lhe que era apenas um quisto e para fazer vigilância durante seis meses. “Não consegui desligar da situação. A minha intuição dizia-me para ir à procura de uma segunda opinião e foi o que fiz”, recorda. Nessa semana encontrou outro médico que lhe diagnosticou um cancro de mama triplo agressivo. “O médico foi muito positivo e disse-me, antes do diagnóstico, que se fosse cancro tirava-se e pronto. Ainda fui pesquisar ao Google mas depois pensei: eu faço a minha parte, que é lutar, e deixo o resto para os médicos porque eles sabem o que fazem”, sublinhou, acrescentando que a parte mental conta muito.

“Não devemos deixar-nos morrer de véspera”
Carla Andrino tinha 50 anos quando descobriu que tinha cancro de mama, numa fase inicial. Como teve uma tia materna que morreu dessa doença todos os anos fazia os exames de rotina. Naquele dia o médico detectou algo e confirmou que tinha cancro de mama. “Ficou um silêncio no gabinete e ainda me correram algumas lágrimas mas não foi o fim do mundo. Agarrei-me a mim própria, apesar de ter tido o apoio incondicional da minha família, e aquele episódio seria uma história para mais tarde contar aos netos. Não devemos deixar-nos morrer de véspera. Temos que lutar e cuidar da nossa saúde mental também”, alertou acrescentando que a palavra cancro não é sinónimo de morte.
Joana Cruz, Carla Andrino e Solange Trindade, que já ultrapassaram a doença, referem que o apoio da família é muito importante e que o processo é diferente para cada pessoa. “O que me custou mais foram os olhares das pessoas que sabiam que tinha cancro. O facto de ser figura pública piora a situação nesses casos. Era muito doloroso porque eu estava a lutar contra a doença e a última coisa que precisava era daquele olhar de piedade ou ‘coitadinha’. Experimentem elogiar as pessoas nessas alturas”, defendeu Carla Andrino. Todas elogiam os médicos que as trataram e dizem ser fundamentais para vencer a doença.

“É avassalador pensar que tenho cancro”

Ainda a passar por tratamentos de quimioterapia, Teresa Coelho, enfermeira no HDS e docente na Escola Superior de Saúde de Santarém, afirma que está numa batalha em curso. Recorda o dia em que a sua médica lhe disse que tinha cancro de mama. “A médica deu-me a notícia mas começou logo a contar-me histórias de pacientes suas que passaram pelo mesmo e sobreviveram. Foi muito importante para me sentir invadida por esperança e vontade de lutar. Não fiz muitas perguntas nesse dia e estive uma semana a processar o que me estava a acontecer. Pensar que tenho cancro é avassalador. Depois fui à luta e continuo nela com a certeza que vou ultrapassar esta batalha com sucesso”, afirmou tendo sido ovacionada pelas cerca de 250 pessoas que enchiam o auditório.
A enfermeira e docente recorda o dia em que o seu filho mais novo a acompanhou à primeira consulta para iniciar os tratamentos. “Apesar de adulto o meu filho tinha os seus pensamentos e no final disse-me que veio para a consulta só a pensar em morte, mas a médica não falou nada disso, pelo contrário. Acreditar que vamos conseguir ultrapassar a doença é meio caminho andado para o sucesso”, referiu.

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