IHRU interessado em comprar prédio que Câmara de Alpiarça quer vender em Lisboa
A Câmara de Alpiarça avançou em Setembro com uma hasta pública para vender um prédio na Avenida de Berna, em Lisboa, e apareceu um interessado. No entanto, este não seguiu os procedimentos legais e não depositou 20% do valor na conta da autarquia, ficando o negócio sem efeito. Entretanto, o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana demonstrou interesse na aquisição do imóvel.
O IHRU (Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana) demonstrou interesse em adquirir o prédio na Avenida de Berna, em Lisboa, propriedade da Câmara de Alpiarça. A informação foi dada pela presidente do município, a socialista Sónia Sanfona, em sessão camarária. A autarquia avançou para uma hasta pública do imóvel em Setembro deste ano e apareceu um interessado. No entanto, este não seguiu os procedimentos legais e não depositou 20% do valor do imóvel na conta da Câmara de Alpiarça ficando a hasta pública sem efeito.
A hasta pública tinha um valor base de dois milhões e 350 mil euros para alienação do prédio com dez apartamentos doado ao município ribatejano há décadas pelo benemérito Manuel Nunes Ferreira. A Câmara de Alpiarça aguarda que responsáveis do IHRU visitem o edifício para chegarem a acordo. Recorde-se que, em reunião de câmara, Sónia Sanfona explicou que o prédio está em condições muito precárias. “Se optássemos pela recuperação seria uma elevada despesa para a autarquia, dinheiro que não temos, por isso consideramos mais vantajoso a sua alienação”, justificou na altura Sónia Sanfona. O vereador da CDU, João Pedro Arraiolos, voltou a manifestar-se contra a hasta pública e recordou que o seu partido defende que o imóvel deveria continuar na posse do município e avançar com obras de reabilitação.
Sónia Sanfona referiu, na sessão da assembleia municipal realizada em Junho, que o prédio tinha falta de segurança e estabilidade da estrutura. “Em tempos passados, ainda antes da revolução do 25 de Abril, terrenos deste legado foram permutados ou vendidos. Em termos jurídicos podemos fazer a hasta pública e assumo a responsabilidade da decisão. Não podemos adiar mais tempo senão corremos o risco de o prédio cair”, afirmou a autarca socialista em Junho deste ano.
A presidente lamenta que o prédio em causa não tenha sido alvo de obras de conservação ao longos dos anos que permitissem a sua manutenção em condições para albergar os inquilinos e poder rentabilizar a sua utilização. “Não se fez nada de substancial para a manutenção do prédio. Os inquilinos é que fizeram obras por contrapartidas ao pagamento das rendas. Ou temos capacidade financeira para fazer obras, o que não temos, ou fazemos uma alienação. É uma questão de boa gestão e temos que gerir o património público”, sublinhou Sónia Sanfona, acrescentando que nos últimos meses o município tem tentado libertar, dentro das possibilidades, os arrendamentos que ainda existem naquele prédio.
Benemérito deixou prédios em Lisboa e Amadora
Manuel Nunes Ferreira foi um benemérito que deixou em testamento, datado de 1937, um imóvel urbano sito na Avenida de Berna, nº 44-B (Avenidas Novas), em Lisboa, constituído por prédio urbano composto por dez apartamentos e duas lojas; imóvel urbano sito na Rua Tomás da Anunciação nº 84 e 84-C (Campo de Ourique), em Lisboa, composto por 14 apartamentos e duas lojas; imóvel urbano sito na Avenida Comandante Luís António da Silva, nº 32, na Amadora, composto por dez apartamentos e uma loja.
O benemérito deixou escrito em testamento que deixa os seus bens à “Câmara Municipal de Alpiarça para o Asilo dos Velhos da mesma vila”, que mais tarde se transformou em Instituição José Relvas e posteriormente em Fundação José Relvas, não podendo este legado ter outra aplicação.