Falta uma assinatura para o CPCD da Póvoa de Santa Iria ter estatuto de utilidade pública
A burocracia do Estado não permitiu que o Centro Popular de Cultura e Desporto da Póvoa de Santa Iria já tivesse o estatuto de utilidade pública na celebração do 47º aniversário da colectividade. Na sessão solene, o presidente da direcção, Joaquim Ramos, agradeceu o empenho de todos os atletas, seccionistas e sócios e Fabião Coutinho apresentou o seu novo livro de poemas.
O Centro Popular de Cultura e Desporto (CPCD) da Póvoa de Santa Iria candidatou-se ao estatuto de entidade de utilidade pública e tudo indica que será aceite e publicado em Diário da República nas próximas semanas. A novidade foi avançada pelo presidente do clube, Joaquim Ramos, durante a sessão solene evocativa dos 47 anos do clube, realizada no feriado de 1 de Novembro na sede da colectividade. “Queríamos já ter esta notícia para vos dar em primeira mão, mas infelizmente a burocracia do Estado é complicada. Do que nos dizem falta apenas uma assinatura para termos o estatuto de utilidade pública”, confirmou o dirigente.
Perante uma sala cheia de sócios, pais e atletas do clube, Joaquim Ramos emocionou-se e agradeceu a todos o trabalho e empenho que colocam diariamente na dignificação do emblema do CPCD. “Todos à sua maneira têm ajudado a levar o clube a bom porto e estou muito emocionado por ver esta casa cheia. São as modalidades e os seus atletas que ajudam o clube a crescer e isso faz-se com a ajuda e os sacrifícios dos pais”, frisou.
O CPCD, como O MIRANTE já noticiou, não desiste da intenção de fechar totalmente o seu polidesportivo para o adaptar a pavilhão e Marina Tiago, vice-presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, prometeu que essa obra será uma realidade. “A comunidade precisa do CPCD e de projectos que estão em movimento e estamos a trabalhar em conjunto, porque o movimento associativo é importante para a câmara”, afirmou.
Fabião Coutinho apresentou livro a cantar
A sessão solene contou ainda com a apresentação do novo livro de poemas de Fabião Coutinho, publicado com a chancela de O MIRANTE Editora. Fabião Coutinho, natural de Seda, concelho de Alter do Chão, vive na Póvoa de Santa Iria, é membro dos corpos sociais do CPCD. É um rosto querido da cidade e a arte está-lhe no sangue, quer como poeta popular quer enquanto cantor de fado e tocador de viola e cavaquinho no grupo de música popular do CPCD.
O livro, como O MIRANTE já noticiou, reúne alguns dos seus melhores poemas, fruto de duas décadas de escrita e quem esteve na cerimónia levou alguns exemplares autografados pelo autor. A apresentação contou com a presença de Joaquim António Emídio, director-geral de O MIRANTE, e da professora Maria Palhas Narciso, que assina o prefácio da obra e que destacou que o livro evoca uma “profunda consciência de que a terra onde nascemos e crescemos é sempre a nossa terra, que é ela que nos faz e que somos nós que nos fazemos a ela”.
Na hora de declamar um poema do livro, Fabião Coutinho optou por fazê-lo a cantar o fado à capela, sem guitarras, num momento que pode ser visto em vídeo no site de O MIRANTE. “O Fabião Coutinho, mesmo já com alguma idade, está sempre pronto a ajudar o clube e a carregar umas cadeiras como aconteceu hoje”, elogiou Joaquim Ramos, presidente do CPCD.
“Associações são tratadas como empresas”
Isabel Graça, que representou na sessão de aniversário do CPCD a Confederação Portuguesa das Colectividades, acusou o Governo de tratar as associações como empresas e os dirigentes associativos como empresários. “Nos anos que nos separam desde a fundação (1977) até ao presente, muita coisa mudou na nossa sociedade. Para essa mudança, muito contribui o nosso movimento associativo popular como um poder que soube responder em cada momento aos desafios e necessidades dos seus associados e das comunidades. É preciso continuar a dizer que não é o Estado que nos apoia. Somos nós quem apoia o Estado. Não somos subsídio-dependentes. Somos contribuintes líquidos do Orçamento do Estado, uma vez que pagamos mais em impostos directos e indirectos do que aquilo que recebemos do Estado. No nosso dia-a-dia, continuamos a sentir dificuldades em lidar com elevados custos na energia, aumentos nas rendas, exigências da Sociedade Portuguesa de Autores, Impostos como IVA e IRC, o Regulamento Geral de Proteção de Dados, Medidas de Auto-Protecção Contra Incêndios, Registo do Beneficiário Principal, entre outros. Somos tratados como entidades com fins lucrativos e como gestores de empresas, mas não temos acesso ao subsídio de desemprego ou à reforma. Apesar de estarmos unidos à volta das entidades que nos defendem, precisamos de continuar unidos e empenhados, reivindicando junto das forças políticas ao nível local, para podemos influenciar a decisão política ao nível nacional”, afirmou em jeito de desafio.