Futura região que une Lezíria, Médio Tejo e Oeste já dá que falar
Os autarcas da região Centro não estão de acordo com a criação da nova NUT II, que une Lezíria, Médio Tejo e Oeste. Anabela Freitas, vice-presidente do Turismo do Centro, explicou a O MIRANTE quais as principais dúvidas dos autarcas garantindo que a nova NUT vai permitir desenvolver melhor e mais rapidamente a região. Aeroporto em Santarém é solução unânime.
A NUT II, que une as comunidades intermunicipais da Lezíria do Tejo, Médio Tejo e Oeste, criada em Janeiro deste ano, não está a ser bem aceite pelas comunidades intermunicipais da região Centro. A informação foi dada a O MIRANTE pela actual vice-presidente do Turismo do Centro, Anabela Freitas, à margem de um seminário sobre Turismo e Desenvolvimento Regional, organizado pela SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social – que decorreu a 2 de Novembro, na Casa do Campino, em Santarém.
“Acham que a NUT lhes vai retirar dinheiro, mas tem de ser bem explicado que não é isso que vai acontecer. A nova NUT vai buscar financiamento a outras gavetas”, esclareceu Anabela Freitas, sublinhando que, actualmente, as comunidades intermunicipais do Oeste e Médio Tejo são dos melhores executores de fundos comunitários da região Centro. Anabela Freitas, que foi presidente da Câmara de Tomar durante os últimos 10 anos, considera que a NUT II, que deverá entrar em vigor em 2027, vai desenvolver melhor a região e mais rápido, isto se for executado tudo a que se propõe. Além disso, reforça, será autónoma para aceder aos fundos comunitários do quadro de 2030. A vice-presidente do Turismo do Centro defende que os autarcas têm um papel relevante, mas a nova NUT estará sempre dependente da CCDR (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional). “As CCDR vão passar a ter cinco vice-presidências e queremos que uma seja só para esta nova NUT II”, sublinhou.
Em relação à localização do novo aeroporto, Anabela Freitas afirma existir unanimidade dos autarcas na opção Santarém. “Ao princípio não defendiam essa hipótese porque Monte Real, que lhes é mais próximo, ainda estava em cima da mesa. Agora todos concordam que Santarém é o melhor local. Se não aparecem nos debates é porque sabem que é um processo que vai ser longo e têm sempre muito que fazer, mas estão todos unidos nesta ambição”, vinca ao nosso jornal.
Também presente no debate, o vice-presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (ERTAR), Pedro Beato, explica que havendo três das opções em cima da mesa para a construção do novo aeroporto (Santarém, Benavente e Vendas Novas) a ERTAR não vai tomar posição oficial enquanto a Comissão Técnica Independente não disponibilizar os primeiros dados, o que está previsto acontecer este mês de Novembro. “Não tendo acervo suficiente e esclarecedor sobre o assunto, não participando em grupos de trabalho, ainda não temos opinião formada sendo que queremos ter uma palavra com muita consciência”, referiu. Em relação à nova NUT II, Pedro Beato garantiu que vão continuar a trabalhar com os 11 concelhos que formam a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo. Prova disso é terem estreado, a 1 de Novembro, uma nova campanha publicitária especifica para o Ribatejo no sentido de o afirmar como novo destino turístico. Também a 18 de Dezembro vai realizar-se, em Santarém, a primeira conferência “Turismo do Ribatejo”. “O mais importante é haver estabilidade para que os territórios se desenvolvam e é isso que quero para a Lezíria do Tejo”, defendeu.
A importância do Turismo
O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, defendeu, durante o seminário, a criação do Ministério do Turismo dada a importância que a área representa para Portugal. “Somos o quinto país do mundo em que o turismo tem mais impacto no nosso PIB, o que é fundamental para o desenvolvimento de Portugal. Deveríamos ter um ministro e não apenas uma secretaria de Estado”, critica Ricardo Gonçalves. O autarca refere que Santarém teve um aumento de 40% no número de dormidas sendo que grande parte do desenvolvimento deve-se também ao facto do concelho se ter transformado no ponto de referência para quem aprecia gastronomia mais tradicional. Também os monumentos e igrejas passaram a estar abertos diariamente, o que não acontecia, tendo aumentado o número de turistas nos últimos anos.
A presidente da delegação de Santarém da SEDES, Salomé Rafael, à semelhança de Anabela Freitas e Pedro Beato, alerta para a falta de mão-de-obra qualificada nas áreas do turismo, hotelaria, gastronomia, mesa e bar. “Restaurantes têm hoje muito melhor qualidade, mas necessitamos de mão-de-obra qualificada. Temos de pensar em estratégias para atrair jovens, sobretudo na formação inicial, para as áreas relacionadas com turismo. Temos de dar o salto qualitativo para desenvolver a formação qualificada nestas áreas”, destacou a dirigente.
Os vice-presidentes das entidades de turismo presentes no debate alertaram para o facto de estarem muito dependentes do Poder Central. “Até para fazermos uma ligeira alteração orçamental é preciso ir à tutela. Temos de ter mais autonomia senão os projectos vão continuar muito tempo no papel”, afirmaram.
Projectos para desenvolver rio Tejo não avançam por falta de vontade política
Salomé Rafael recordou existirem muito projectos para desenvolver o rio Tejo e que podem avançar “se existir vontade política. Há vários projectos que podem ser desenvolvidos, faseadamente, mas infelizmente continuam na gaveta porque parece não existir vontade política. Será que temos feito tudo o que é possível junto da Administração Central”, questionou. A presidente da delegação de Santarém da SEDES reforçou existir o projecto “Viver o Tejo” que não se tem dado seguimento. “Faz todo o sentido avançar com este projecto porque está relacionado com turismo e também com a fauna e o povoamento de algumas localidades que estão mais dispersas no nosso território. É uma pena que o Poder Central não olhe para as potencialidades que o Tejo tem”, lamentou.
A dirigente elogiou o papel das câmaras municipais que, na sua opinião, têm desenvolvido e melhorado as zonas ribeirinhas na região. Além disso, Salomé Rafael também destacou que o país tem melhorado muito em termos de património e que tudo isso contribui para o aumento do turismo e desenvolvimento económico da região.