Instituto Politécnico de Santarém aponta para a marca dos cinco mil alunos
Sessão solene de abertura do ano lectivo do Instituto Politécnico de Santarém ficou marcada pelo tema da falta de alojamento para estudantes. Instituição de ensino superior cresceu no número de alunos, aumentou oferta formativa e tem em curso investimentos de milhões de euros em residências para estudantes, eficiência energética e criação de novos espaços de ensino.
A sessão solene de abertura do ano lectivo do Instituto Politécnico de Santarém (IPS) ficou marcada pelo tema da falta de alojamento para estudantes e por vários recados deixados ao Governo, que se fez representar pela ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, que por ter chegado com quase duas horas de atraso não ouviu as reivindicações (ver caixa).
Numa iniciativa que se realizou a 3 de Outubro, João Moutão, presidente da instituição de ensino superior, deu início aos discursos confessando o orgulho que tem em ser presidente do IPS e dando as boas-vindas ao início de um novo capítulo para toda a comunidade escolar. O dirigente chamou a atenção para o facto do Politécnico continuar a crescer, facto que se comprova pela entrada de quase dois mil alunos do primeiro ano na instituição. “Temos uma oferta de qualidade e ensino inovador. Somos cada vez mais uma instituição de primeira opção e multicultural. Estamos empenhados em implementar uma formação que vai muito para além da sala de aula. A diversidade é uma das nossas maiores forças”, afirmou para uma plateia composta por várias dezenas de pessoas e onde estavam deputados da nação, presidentes de outros institutos politécnicos, autarcas, dirigentes associativos e forças de segurança.
João Moutão continuou mostrando a sua satisfação por o Instituto Politécnico de Santarém, composto pelas Escolas Superiores de Educação, Saúde, Gestão e Tecnologia, Desporto de Rio Maior e Escola Superior Agrária, ter actualmente cerca de 4.900 alunos. “Vamos chegar à marca dos cinco mil muito em breve. Mas temos de garantir que temos as condições adequadas para fixar os jovens para que criem raízes em Santarém e na região ribatejana”, vincou. O presidente da instituição destacou ainda o facto de estarem previstos investimentos de 11 milhões de euros em várias valências, nomeadamente na criação de três novas residências para estudantes, investimentos em eficiência energética e na criação de novos espaços de ensino. João Moutão concluiu salientando um marco histórico para o Politécnico que é a aprovação do curso de doutoramento, à semelhança do que aconteceu com outros politécnicos, na área agroalimentar ambiental.
Dinâmica da região depende do IPS
Os discursos na abertura oficial do ano lectivo foram realizados pelos presidentes da Câmara de Santarém e Rio Maior, Ricardo Gonçalves e Filipe Santana Dias, respectivamente, Hermínio Martinho, presidente do conselho geral do IPS, e André Pinto, em representação dos estudantes. Hermínio Martinho sublinhou o facto da dinâmica da região ribatejana depender muito do trabalho desenvolvido pelo Politécnico de Santarém. Referiu que a instituição tem tido capacidade de inovação, profissionalismo e uma excelente aproximação ao tecido empresarial e mercado de trabalho. Ricardo Gonçalves destacou a qualidade formativa existente nas escolas do IPS e a elevada taxa de empregabilidade dos estudantes que saem do IPS. “Temos um país afunilado para Lisboa e Porto e isso também se verifica na área do ensino superior. O Governo tem de apostar nos territórios fora das grandes áreas metropolitanas. Devemos começar a repensar o país a partir do ensino superior”, vincou. Filipe Santana Dias afirmou que mais de 10 % da população que faz vida em Rio Maior é estudante, mais de mil alunos, e que os jovens são determinantes para acompanhar o crescimento do concelho e a captação de investimento privado que tem existido uma vez que existe falta de mão-de-obra qualificada.
A sessão solene terminou com a entrega de prémios aos alunos com melhor média do curso, melhor estudante internacional de mestrado, melhores projectos desenvolvidos na instituição, entre outros. A meio da cerimónia houve um momento musical protagonizado por Ricardo Gama e João Correia.
O que a ministra da Presidência não ouviu
Mariana Vieira da Silva chegou atrasada à iniciativa cerca de duas horas, o que a impediu de ouvir alguns dos recados que foram dirigidos ao Governo. Primeiro, André Pinto pediu à Câmara de Santarém e aos dirigentes do Politécnico para fazerem mais pelos alunos. “Há poucos alunos a assistir a esta cerimónia e há uma razão: estão descontentes. Não há alojamento nem vida académica. Temos pessoas a ir e vir todos os dias do Alentejo, Setúbal… sei que se está a tentar fazer algo, mas não é suficiente”, disse. Ricardo Gonçalves concordou com a intervenção de André Pinto referindo que Santarém “é mais madrasta do que mãe dos alunos”, que se preocupa mais com o barulho que fazem do que com as raízes e potencial que poderiam gerar. O autarca de Santarém, lamentando o facto da ministra não estar a ouvir, disse que a falta de alojamento também é culpa do Governo, por não ter cumprido a promessa de criar atempadamente, e conforme prometeu, residências para estudantes. “A pandemia é a principal razão para hoje termos um Plano de Recuperação e Resiliência. Se não fosse o PRR nada iria ser feito”, afirmou.