Contestação nas obras de requalificação na ribeira de Rio de Moinhos em Abrantes
As obras de requalificação de um troço de cerca de cinco quilómetros da ribeira de Rio de Moinhos, em Abrantes, estão a ser contestadas por alguns populares que as consideram um atentado ambiental com danos irreparáveis. Intervenções custam cerca de três milhões e presidente da câmara garante que só vão trazer benefícios desmentindo serem atentado ambiental.
As obras de requalificação de um troço de cerca de cinco quilómetros da ribeira de Rio de Moinhos, em Abrantes, estão a dar que falar, sobretudo nas aldeias envolventes à ribeira, como é o caso de Pucariça. Um conjunto de pessoas, que investiu na requalificação de habitações de família e regressaram à aldeia, afirma que está a ser “destruída uma ribeirinha de água limpa e cristalina alterando o seu curso natural e transformando-a numa vala gigante, com paredes de pedregulhos, seguros por rede e por tela 100% plástico”.
Contactado por O MIRANTE, o presidente da Câmara de Abrantes confessa estar surpreendido com o “barulho” que tem existido à volta da empreitada que, sublinha, resulta de um projecto do Ministério do Ambiente que pretende diminuir a zona ameaçada por cheias, a criação e regularização de pequenos açudes de rega, diversas passagens hidráulicas e pontões. “Estão ali três milhões de investimento. Quem anda a falar são pessoas que estão agora a chegar e não sabem os problemas que temos tido. Os agricultores estão connosco e querem é ver o problema resolvido”, garante Manuel Valamatos, sublinhando que o objectivo principal é regularizar o percurso natural da ribeira. “Estamos numa luta contra o tempo. Estamos a criar as melhores condições para as pessoas estarem seguras”, vinca.
A intervenção, desde a Aldeia do Mato, com início na passagem hidráulica situada na EM 544, (na proximidade da Rua dos Casais), até à proximidade da Rua da Quinta da Feia, na localidade de Arcos, freguesia de Rio de Moinhos, concelho de Abrantes, “envolve trabalhos de desobstrução, regularização dos cursos de água e controlo de cheias”. A empreitada representa um investimento de 2,6 milhões de euros (mais IVA), dos quais dois milhões de euros serão comparticipados pelo Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (Compete 2020).
O porta-voz dos contestatários, João Paulo Carvalho, garante a O MIRANTE que os proprietários ribeirinhos e associações de regantes não realizaram nenhuma deliberação sobre o projecto, acrescentando que nem sequer tiveram acesso a ele, apenas tomaram conhecimento numa reunião na câmara “quando já estava tudo decidido”. “O problema não está na ribeira e nos cinco quilómetros que vão destruir, (…) talvez o problema se resolvesse com poucos milhares de euros, com um qualquer sistema de retenção de águas muito a montante da zona que vão intervencionar, com ajudas para limpezas regulares das canas da ribeira, com intervenções dos pontões feitos há uns anos que consideram a principal fonte de problemas, por estarem mal dimensionados e direccionados (…) esta obra destruirá para sempre, em poucos dias e com danos ambientais irreparáveis, o que a natureza levou a criar durante milhões de anos”, vinca, referindo que a defesa contra cheias é um falso argumento e que o regadio tradicional está em risco e o aparecimento de períodos de seca é quase uma certeza. “É que a obra termina muito antes de chegar a Rio de Moinhos e caso a água seja mesmo muita, toda contida na nova vala gigante rectificada, não transbordará nos campos do vale da Pucariça, mas poderá chegar de repente, em grande velocidade e caudal ao leito da ribeirinha natural a jusante, destruir tudo à sua volta arrastando tudo até ao Tejo”, defende.