Sociedade | 18-11-2023 12:00

Vila Franca de Xira não quer Linha do Norte em canal alternativo e defende enterramento

Vila Franca de Xira não quer Linha do Norte em canal alternativo e defende enterramento
Executivo liderado por Fernando Paulo Ferreira aprovou posição conjunta pedindo à IP que aprofunde estudos

Executivo da Câmara de Vila Franca de Xira aprovou uma posição final sobre o projecto proposto pela Infraestruturas de Portugal para alargar o actual canal ferroviário da Linha do Norte que pode causar grandes cicatrizes no território.

A proposta da Infraestruturas de Portugal (IP) para quadruplicar a Linha do Norte entre Alhandra e Vila Franca de Xira deve ser feita através de túnel devido aos impactos e transformações que vai gerar no território e a criação de um canal autónomo deve ser descartada.
Os considerandos resultam de uma tomada de posição conjunta aprovada por maioria - com a abstenção da CDU - em reunião de câmara extraordinária realizada a 8 de Novembro. Uma decisão que visa reflectir a posição final da Câmara de Vila Franca de Xira sobre o projecto de alargamento da Linha do Norte que, na versão actual, implica o abate de duas centenas de árvores em Alhandra, a demolição da estação de Vila Franca de Xira e a eliminação de boa parte do jardim Constantino Palha.
Não sendo uma posição vinculativa - porque a decisão final sobre o projecto não compete à câmara mas sim ao Governo e à IP - pode ser politicamente relevante como instrumento de defesa dos interesses da comunidade. “Deve-se considerar em termos urbanos ideais que a melhor opção é o enterramento das linhas, devendo a IP revisitar esta possibilidade para ver da sua viabilidade, devendo estudar melhor esta opção com urgência para que isso não atrase a quadruplicação das linhas sob pena de um isolamento do sistema ferroviário urbano em VFX e Alhandra”, lê-se no documento.
Os autarcas consideram ainda que a ideia de criar um canal autónomo “serviria apenas para esse serviço, não aliviando a pressão das duas linhas existentes, impedindo a melhoria do serviço urbano e com impactos mais extensos no território concelhio e concelhos adjacentes”. Defendem por isso que deve ser descartada a ideia de um novo canal de servidão com mais de 20 km de extensão no concelho e enterrar-se a linha em apenas três quilómetros.
O presidente da câmara, Fernando Paulo Ferreira, admite que enterrar a linha possa suscitar questões de ordem técnica e financeira a ter em conta mas isso deve ser avaliado por quem tem de fazer a obra. Na documentação que nos deram não estão esgotadas as possibilidades de optar pelo enterramento. Não está justificado suficientemente e a IP deve revisitar esse assunto, olhar para o enterramento e a forma como pode ser feito. Deve pôr em cima da mesa todas as possibilidades, estudar e transmitir se tem ou não condições para o fazer”, defendeu.

“Desunidos somos facilmente vencidos”
David Pato Ferreira, vereador da coligação Nova Geração (PSD/PPM/MPT), diz que o desenvolvimento tem de ter um rosto humano, esclarecido e respeitador das pessoas e do património. Recusando ter “uma cicatriz no concelho” o autarca lembrou que se o executivo estiver desunido será facilmente vencido. “Não podemos concordar com uma via alternativa dentro do concelho porque o progresso das freguesias não se faz às custas da Calhandriz, Cotovios, etc... O progresso de uns não pode ser feito à custa das populações que vivem noutros sítios”, notou.
Já Anabela Barata Gomes, da CDU, considerou que todo o projecto apresentado pela IP pareceu uma chantagem: “era aquilo ou nada”. O que valeu, destacou, é que a IP “não contava com o levantamento popular que aconteceu na defesa das nossas terras. VFX não pode ser um mero corredor de destino para outros lugares e era nisso que se ia tornar”. Por considerar que a proposta final apresentada pelo PS deixava demasiadas portas abertas para interpretação a CDU apresentou uma proposta própria - chumbada por Chega, Coligação Nova Geração e PS - que pedia que se estudasse o enterramento mas também a criação de um canal alternativo longe da cidade de VFX. “Descartar o canal alternativo é redutor”, lamentou.
O Chega, pela voz de Barreira Soares, gostava que a proposta da IP tivesse sido melhor fundamentada. “Para um projecto desta dimensão há pouca informação. Qual a possibilidade de desviar as linhas para junto do Tejo em túneis ou desviando do Tejo? A IP afasta a possibilidade de túnel mas não a baseia em factos. Para nós não há dúvida que o enterramento é a melhor solução”, defendeu.
Os presidentes das juntas de Vila Franca de Xira e Alhandra estiveram presentes na reunião e partilharam da proposta aprovada. Ricardo Carvalho, presidente da junta de VFX, diz que o enterramento é a solução mais sensata para a cidade. Mário Cantiga, de Alhandra, lembrou que um canal alternativo seria “catastrófico” para boa parte da sua união de freguesias.

Um concelho de servidões

O concelho de Vila Franca de Xira orgulha-se de ser a entrada norte da Área Metropolitana de Lisboa mas esse título chega com uma factura pesada para pagar, na forma das actuais 20 servidões que atravessam o concelho para permitir o acesso a Lisboa. Entre gás e água, comboios e rodovia, só na margem direita do Tejo as duas dezenas de servidões são responsáveis por inviabilizar a construção e o planeamento urbano em vários locais, muitos deles adaptados a jardins e espaços verdes. No site da Câmara de Vila Franca de Xira já deram entrada 46 participações públicas referentes ao projecto de alargamento da Linha do Norte por parte da IP.

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