Presidente da Nersant oferece computadores a outra associação a que preside
Pedroso Leal, presidente da Associação Empresarial da Região de Santarém - Nersant, utilizou o estatuto de responsabilidade social da organização, para oferecer quatro computadores à Associação de Judo do Distrito de Santarém, do presidente Leal Pedroso. O duplo dirigente diz que não há conflito de interesses.
A Associação Empresarial da Região de Santarém – Nersant ofereceu quatro computadores portáteis à Associação de Judo do Distrito de Santarém. O curioso desta situação é que o presidente das duas entidades é o mesmo, Pedroso Leal, a quem a situação parece não incomodar e entende não haver um conflito de interesses. O dirigente associativo, questionado por O MIRANTE sobre o critério de beneficiar uma associação de que faz parte, pergunta várias vezes ao jornalista se tem um filho deficiente e repete “não façam isso”, certamente referindo-se à perspectiva de publicação desta notícia.
Perante a insistência em dizer que o jornalista não deve ter um filho deficiente, Pedroso Leal é questionado sobre o que é que isso tem a ver com o facto de a Nersant ter oferecido os computadores, o que este não explica e continua a dizer: “Estamos a ajudar deficientes”. Os computadores foram entregues no início de um workshop de judo adaptado em Torres Novas no dia 15 de Novembro. Mas a própria informação veiculada pela Nersant sobre a doação em nada se refere que os computadores são exclusivamente para actividades com deficientes, comunicando apenas que é para apoio a actividades.
A nota informativa da associação empresarial realça ainda que os computadores vão “auxiliar as actividades formativas e desportivas desta associação. Os computadores portáteis doados pretendem apoiar, sobretudo, a organização de provas e competições sendo equipamentos essenciais para garantir a realização de sorteios e a inclusão de marcadores para a cronometragem”. Em lado algum se refere que os equipamentos são para uso exclusivo de acções com deficientes, como tanto insiste o presidente das duas entidades.
A referência que existe a pessoas com deficiência surge na parte explicativa do workshop em que foram entregues os computadores referindo que se trata de um projecto que conta com a adesão de sete instituições. A Nersant explica também que esta doação se insere no âmbito do seu compromisso com a responsabilidade social.
Adiado julgamento da saída de António Campos da Nersant
O julgamento do caso do ex-presidente da comissão executiva da Nersant, António Campos, contra a associação empresarial e o seu ex-presidente, Domingos Chambel, foi adiado sem data, que deverá ser marcada ainda este mês ou no próximo. O julgamento estava marcado para dia 17 e o adiamento prende-se com o facto de ainda não ter decorrido o prazo para as partes analisarem o despacho saneador elaborado pela juíza do Juízo do Trabalho de Santarém. Em causa estão 200 mil euros que a Nersant poderá ter de pagar se for dada razão ao executivo que trabalhou 28 anos na instituição. Para o julgamento estão indicadas duas dezenas de testemunhas.
António Campos despediu-se alegando motivo de justa causa no dia 17 de Março através de uma carta entregue em mão a Domingos Chambel depois de ter estado um período de baixa médica. O ex-presidente da comissão executiva estava numa situação de desrespeito perante o seu trabalho e posição na associação, com o então presidente da direcção a esvaziar as suas competências. Campos tentou negociar a sua saída nestes últimos meses, mas a direcção não se entendeu.
Como O MIRANTE já noticiou Domingos Chambel desvalorizou o pedido de negociação, alegadamente, por não acreditar que António Campos saísse da Nersant. Quando entregou a carta de despedimento o ex-presidente da comissão executiva deixou o carro de serviço na sede da associação em Torres Novas e mandou uma mensagem de agradecimento a alguns elementos da Nersant, que reconhecia “o apoio e colaboração recebida ao longo destes anos que contribuiu para tornar esta associação como uma referência nacional”.