Sociedade | 27-11-2023 21:00

Quatro centenas de crianças vivem em risco de pobreza extrema no concelho de Azambuja

Quatro centenas de crianças vivem em risco de pobreza extrema no concelho de Azambuja
Seminário integrado no plano de acção 2022/2023 do Conselho Local de Acção Social de Azambuja

Diagnóstico concelhio revela que no concelho de Azambuja 401 crianças vivem em risco de pobreza extrema e que no país o número ascende aos 150 mil. No seminário sobre a Garantia para a Infância, que decorreu em Aveiras de Cima, deixaram-se alertas sobre a necessidade de actualizar dados e aprofundar diagnósticos. Agrupamentos de escolas deram exemplos de boas práticas.

No concelho de Azambuja há 401 crianças a viver em situação de pobreza extrema e no país são cerca de 150 mil. Para que os números baixem a coordenadora nacional da Garantia para a Infância, Sónia Almeida, diz que é preciso identificar quem são estas quatro centenas de crianças, quem são as suas famílias, se estão a ir a escola, se têm médico de família, se estão a viver numa habitação digna ou indigna e, para isso, é preciso “criar o foco de uma abordagem multidimensional”. Até porque, notou, “se há uns tempos uma pessoa pobre era um beneficiário do Rendimento Social de Inserção (RSI) hoje pode ser um funcionário público”. A responsável intervinha no seminário subordinado ao tema “Garantia para a Infância - Olhar o Futuro no Concelho de Azambuja”, realizado em Aveiras de Cima.
De acordo com as últimas estatísticas, a que Sónia Almeida fez referência, a Europa está a assistir a um agravamento da pobreza infantil, no entanto, Portugal é um dos quatro países onde o número de crianças em risco tem vindo a diminuir. Mas não quer isto dizer que o país possa estar satisfeito, já que continua a ter “20% de crianças em circunstância de pobreza”. É por isso que, afirmou, foram criadas estruturas para combater e prevenir a pobreza e, acima de tudo, para se conseguir que as crianças que estão inseridas em famílias pobres tenham igualdade no acesso a oportunidades, à educação, à saúde, entre outros direitos.
Para 2030, anunciou, a meta a que o país se propôs, no âmbito da medida Garantia para a Infância, é a de retirar pelo menos 165 mil crianças da pobreza sendo que, com base nas referências de 2019, no total são cerca de 380 mil em todo o país. Este valor, vincou, “nada tem a ver com falta de ambição” até porque “os adultos que vão suportar o país quando estivermos na reforma já cá estão e são esses que temos de proteger. Temos cada vez menos crianças no país, um país que tem as fronteiras abertas para receber migração porque não temos como subsistir, mas se temos que abrir fronteiras não podemos desperdiçar 20% das crianças que já cá estão”.
Para a vice-presidente da Comissão Nacional para a Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ), Maria João Fernandes, Portugal é muito bom na “contextualização mas falta a execução que pressupõe [a implementação de] boas políticas públicas”, incluindo a nível local, e a existência de diagnósticos actualizados, o que, lamentou, não acontece. “Os diagnósticos são fundamentais e este seminário é um passo para a intervenção articulada”, sublinhou a vice-presidente da CNPDPCJ. A vereadora na Câmara de Azambuja com o pelouro da Acção Social, Mara Oliveira, destacou na sua intervenção que há um longo caminho a percorrer para a eliminação da pobreza infantil, uma das grandes prioridades daquele município.

Escolas deram exemplos de boas práticas

No seminário integrado no plano de acção 2022/2023 do Conselho Local de Ação Social de Azambuja, que decorreu a 10 de Novembro no auditório da Casa do Povo de Aveiras de Cima, os três agrupamentos de escolas de Azambuja, apresentaram o que de melhor têm feito na promoção de boas práticas com crianças e jovens. No Alto de Azambuja, o destaque foi para o projecto inclusivo “A Culinária”, no qual jovens com necessidades educativas especiais, alguns por sofrerem da perturbação do espectro do autismo, abriram um restaurante escolar, com a ajuda de professores e funcionários, que lhes dá a possibilidade de desenvolverem novas competências fora do contexto formal da sala de aula. “Permitimos que aprendessem fazendo”, sublinharam as professoras Isabel Paixão e Inês Marques, salientando que todos ganharam mais auto-estima com o facto de aprenderem a confeccionar refeições, a ir às compras e a elaborar listas com os alimentos necessários.
Do Agrupamento de Escolas de Azambuja foi dado a conhecer o Clube UBUNTU - Eu sou, tu és, através do qual os alunos desenvolvem a sua consciência cívica e valores como a empatia e a solidariedade. Já organizaram uma recolha de alimentos que ajudou 34 famílias, acolhem os novos estudantes vindos de outras escolas e os do programa Erasmus e, juntos, aprendem a respeitar as diferenças de cada um.
No Agrupamento de Vale Aveiras, como mostra de boas práticas, as professoras Isabel Marques e Luísa Rocha, apresentaram as várias medidas direccionadas para alunos com necessidades educativas especiais como o gabinete de apoio, o projecto SmileDog, direccionado para alunos do pré-escolar com intervenção de cães terapeutas e o L@bInova, um projecto no qual os alunos com medidas adicionais realizam actividades práticas como a confecção de sabonetes e velas artesanais.

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