Moradores queixam-se de lixo a céu aberto no aterro de Arcena
Não está a melhorar a situação do aterro sanitário da Valorsul em Arcena, Alverca, desde que foi notícia em O MIRANTE no final de Outubro. Moradores queixam-se de lixo a céu aberto e dos maus cheiros.
A Câmara de Vila Franca de Xira está preocupada com o que se está a passar nos últimos dias no aterro sanitário de Mato da Cruz em Arcena, Alverca, e promete acompanhar de perto a situação com a ajuda da Agência Portuguesa do Ambiente. É uma tentativa de serenar os ânimos da comunidade que vive perto do aterro sanitário de Mato da Cruz e que, nos últimos dias, se tem queixado de vários montes de lixo a céu aberto que estão a gerar cheiros nauseabundos e a atrair centenas de aves.
Um morador da zona que conseguiu chegar perto do aterro, para lá dos muros que impedem a visibilidade, enviou um vídeo para a redacção de O MIRANTE e para os autarcas que ilustra a situação e que pode ser visto no site do jornal. “A situação tem estado a piorar. Ontem era um cheiro nauseabundo que não se aguentava. Precisamos que o presidente nos diga quanto mais tempo isto vai durar e qual o destino a dar a todo este lixo que ali está a ser depositado, bem como os impactos ambientais desta situação”, alertou Anabela Barata Gomes, vereadora da CDU, em reunião de câmara.
Questionada por O MIRANTE, a Valor-sul já havia explicado que o aterro está a receber a totalidade dos resíduos urbanos dos municípios vizinhos, incluindo Lisboa, devido ao facto de estar em curso uma paragem programada da Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos de São João da Talha. “O mesmo acontece com o Aterro Sanitário do Oeste (Cadaval) que está neste momento a receber os resíduos dos municípios da região”, acrescentava a empresa que gere o sistema de resíduos.
A Valorsul informava que o desvio de resíduos para Mato da Cruz era uma situação temporária e que deveria demorar oito semanas até o processo ficar concluído, ou seja praticamente até ao final deste ano. A empresa garantia ter instalado um sistema de controlo de odores no aterro, através de um sistema de vaporização, mas não está a ser suficiente. Já a Câmara de Vila Franca de Xira diz ter exigido à Valorsul a implementação de melhores medidas de minimização dos incómodos, confirmando já ter recebido pelo menos uma queixa sobre o problema dos maus cheiros.
Aterro em fim de vida
O aterro de Mato da Cruz está na recta final da sua vida útil e tem licença ambiental emitida pela Agência Portuguesa do Ambiente até 27 de Junho de 2026 não havendo ainda alternativa anunciada para permitir o seu encerramento. Mas quem vive na zona já não suporta mais os impactos que o equipamento tem causado na comunidade nas últimas décadas e pede à câmara que, de uma vez por todas, pressione a Valorsul para encontrar alternativa e fechar o aterro.
“Já nem falamos da água dos ribeiros, poços e furos que há muito ficou inquinada e dos maus cheiros que agora se sentem, que nos impedem de abrir uma janela ou usufruir dos espaços ao ar livre”, lamentou a O MIRANTE um dos moradores de Arcena, José Avelar, durante uma recente visita do jornal à localidade. O cheiro, diz quem ali vive, é particularmente intenso ao fim do dia, em momentos de neblina e se houver vento de noroeste “então a coisa é horrível”, garantem. Em alguns dias os maus cheiros são tão intensos que se sentem em algumas zonas de Alhandra e até no centro de Alverca.