Sociedade | 04-12-2023 15:00

Alzheimer: testemunho de Humberto Rúbio na primeira pessoa

Alzheimer: testemunho de Humberto Rúbio na primeira pessoa
Diagnóstico da doença não é uma sentença de vida, ressalvaram participantes de uma conferência alusiva ao Alzheimer em Rio Maior

Humberto Rúbio tem 25% de capacidade de memória aos 64 anos. O diagnóstico da doença de Alzheimer chegou em Janeiro deste ano, no dia em que acordou sem saber quem era e onde estava, embora os sintomas convivessem consigo há anos. Vive em Almeirim e deu o seu testemunho na conferência anual da Associação Alzheimer Portugal, em Rio Maior.

Humberto Rúbio foi diagnosticado com a doença de Alzheimer em Janeiro deste ano, aos 64 anos, e contou a sua história na conferência anual da Associação Alzheimer Portugal, que se realizou em Rio Maior. Natural de Moçambique, mas a viver em Almeirim há vários anos, trabalhou nas últimas três décadas na área imobiliária, tendo liderado equipas. Após ter acordado, numa manhã de Janeiro, sem saber quem era e onde estava, Humberto Rúbio dirigiu-se ao médico e surgiu o diagnóstico “malvado”: Alzheimer com 25% de capacidade de memória. No entanto, refere que anteriormente já se tinha queixado a dois médicos especialistas que se andava a esquecer de nomes de pessoas, mas desvalorizaram a situação, afirma, contando que há cerca de cinco anos um colega de trabalho perguntou se estava bem porque se repetia muito nas conversas, um dos vários sinais de perda de memória.
Na primeira semana após o diagnóstico fechou-se em casa a pensar que ia morrer, revela. Os primeiros medicamentos deixaram-no depressivo e o processo terapêutico teve de ser alterado: “a morte hoje já não não me assusta e estou satisfeito com a vida que tenho”, sublinha, com convicção. Humberto Rúbio encontrou algumas estratégias para “contrariar” a doença em conjunto com as psicólogas Joana Florêncio e Cláudia Fontinha. Quando sai de casa para fazer compras, por exemplo, escreve num papel o que tem de comprar. Há situações em que sai de casa e se perde no caminho, mas nessas alturas procura parar e tentar situar-se. Tem um caderno com os nomes das pessoas importantes para si e alguns dos seus dados mais relevantes. “Quando vou ter com um amigo vejo o nome dele porque tenho medo de me esquecer. Se as pessoas perceberem que não tenho uma conversa como deve ser afastam-se”, refere, sublinhando que a maioria dos seus amigos não se afastou quando soube do diagnóstico.
Segundo as psicólogas que acompanham Humberto, os primeiros sintomas de Alzheimer nem sempre são reconhecidos, especialmente quando aparecem antes dos 65 anos, chegando a ser confundidos com depressão, stress e menopausa. Os sinais de alerta apontados pela Alzheimer Portugal são: esquecer-se de parte ou da totalidade de um acontecimento, progressivamente de informação que conhecia, como dados históricos ou políticos, do local onde guardou um objecto e não ser capaz de fazer o processo mental retractivo para se lembrar. Progressivamente perder a capacidade de seguir indicações verbais ou escritas, de acompanhar a história de uma novela ou filme, de, autonomamente, se lavar, vestir ou alimentar, tomar decisões, gerir o seu orçamento, não saber em que data ou estação do ano está, ter dificuldades em manter uma conversa, não conseguindo manter o raciocínio ou lembrar-se das palavras.

Como procurar ajuda

O Núcleo do Ribatejo da Alzheimer Portugal está sediado na Rua D. Gonçalo da Silveira, número 31 A, em Almeirim, e possui uma equipa multidisciplinar com experiência em demências que presta apoio psicológico e social a pessoas com demência, seus cuidadores, familiares e amigos. Existem gabinetes de apoio nas juntas de freguesia do concelho de Almeirim, em Santarém, Rio Maior, Mação, Coruche e Entroncamento. O atendimento funciona mediante marcação. O município de Rio Maior tem um protocolo com a Alzheimer Portugal desde 2014, tendo efectuado mais de 600 atendimentos e mais de 400 diligências.

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