Burocracias impedem abertura de nova sala de creche na Chamusca
Pais estão indignados com atraso na abertura das novas instalações da creche “O Coelhinho”, na Chamusca, e muitos já enviaram candidatura a vaga em estabelecimentos de outros concelhos.
Provedor da Misericórdia esclarece que atraso se deve a burocracias e lamenta a situação, afirmando que é do interesse da instituição que instalações estejam em pleno funcionamento rapidamente.
A Santa Casa da Misericórdia da Chamusca inaugurou recentemente as obras de remodelação e reestruturação da creche “O Coelhinho”, única do concelho da Chamusca, mas a nova sala ainda não está disponível devido a burocracias. A informação foi dada a O MIRANTE pelo provedor da instituição, Nuno Castelão.
Os pais das crianças realizaram pedidos de inscrição há vários meses, esperando colocar os filhos assim que fosse realizada a inauguração, mas mais de dois meses depois continuam sem respostas. Um dos pais, que pediu ao nosso jornal para não ser identificado, lamenta que depois de “uma grande festa de inauguração”, a nova sala se encontre “por abrir e com inúmeras crianças a aguardar por processos de licenciamento e autorizações que mais funcionam como pedras de arremesso entre a Santa Casa e a Câmara Municipal da Chamusca sem se chegar a qualquer previsão para resolução” do problema. “Quem na verdade fica prejudicado no meio disto tudo são as crianças (…) e os pais que não encontram alternativas para colocar os seus filhos durante o horário de trabalho”, acrescenta, adiantando que já enviou um pedido de inscrição para uma creche noutro concelho e que, à partida, em Janeiro terá o seu filho nesse estabelecimento. “Um concelho cada vez mais envelhecido e que cada vez perde mais jovens, não conseguir garantir um dos serviços vitais para atrair população só demonstra o caminho que tende a seguir”, vinca.
Contactado por O MIRANTE, o provedor da Misericórdia da Chamusca afirma que o atraso da abertura da nova sala se deve a questões burocráticas impossíveis de ultrapassar sem o seu cumprimento. “As obras terminaram em Setembro. Para termos licença de financiamento tínhamos de ter tudo legalizado e autorizações da Segurança Social, câmara municipal, Protecção Civil e Autoridade de Saúde. Das quatro faltam duas”, explica, referindo que foram obrigados à última hora a refazer parte do processo depois de serem confrontados inesperadamente com os entraves. “Como deve imaginar lamentamos toda a situação, uma vez que também causa transtornos à instituição. Realizámos vários investimentos, nomeadamente em recursos humanos, e contraímos crédito bancário que estamos a pagar, por isso era do nosso interesse ter todas as valências a funcionar. Esperemos que esteja tudo resolvido nas próximas semanas”, frisa.
Recorde-se que o projecto de requalificação da creche permitiu aumentar para o dobro o número de vagas da creche, que vai poder acolher mais de 80 crianças. A intervenção envolveu a remodelação das salas para aumentar a rentabilidade energética, a adaptação de duas salas, a substituição da cobertura de fibrocimento, de portas e janelas e o arranjo dos espaços exteriores. No dia da inauguração, a 23 de Setembro, Nuno Castelão salientou a importância do ambiente de creche para a autonomia das crianças, assim como para o desenvolvimento das capacidades físicas, sensoriais e emocionais. O projecto sofreu alterações para dar resposta ao aumento da lista de espera. Nuno Castelão espera que o concelho cresça e que daqui a três anos haja necessidade de ampliar a creche novamente.