Sociedade | 05-12-2023 12:00

Os bebés que decidem nascer antes do tempo

Os bebés que decidem nascer antes do tempo
A terceira filha de Telma Nunes, Teresa, nasceu prematura às 32 semanas e com uma infecção grave

A terceira gravidez de Telma Nunes não foi como sonhava. A bebé nasceu no dia 25 de Abril deste ano no Hospital Distrital de Santarém às 32 semanas, com um quilo e meio e uma infecção muito grave.

Teresa teve alta a 21 de Maio com dois quilos de peso. A mãe acredita que o pior já passou mas teve muito medo de perder a filha. Em 2022 nasceram em Santarém 67 bebés com menos de 37 semanas de gestação. Uma reportagem a propósito do Dia Mundial da Prematuridade que se assinalou a 17 de Novembro.

As duas primeiras gravidezes de Telma Nunes, de 39 anos, decorreram dentro da normalidade, sem recurso a epidural e com partos muito rápidos. A gravidez da terceira filha foi sem sobressaltos até às 28 semanas de gestação, quando a mãe teve que ficar internada no Hospital Distrital de Santarém durante dez dias. “Desta vez sentia-me muito cansada mas associei sempre ao facto de ter duas filhas e estar a trabalhar”, conta Telma Nunes a O MIRANTE.
A coordenadora de uma equipa administrativa numa empresa em Santarém explica que tudo mudou quando começou a sentir febre tendo feito teste de Covid-19 que deu negativo. Numa noite teve muita febre e acordou com uma mancha de água na cama. Experiente, deduziu que tinha uma ruptura na bolsa gestacional que provocou uma infecção e essa seria a causa da febre. “Não tinha sintomas, só dores e febre. Na manhã seguinte fui ao Hospital Distrital de Santarém onde fiquei internada porque fiz análises e tinha os valores do fígado muito alterados”, recorda.
Foi nessa altura que os médicos detectaram que tinha apanhado citomegalovírus, um vírus comum que no caso das grávidas pode trazer complicações. Após esse internamento Telma Nunes entrou de baixa. A situação complicou-se quando, às 31 semanas, deixou de sentir a bebé. Deu entrada no HDS onde os médicos tentaram perceber o que se passava e ficou novamente internada. “Os médicos detectaram batimento cardíaco na Teresa mas pouco movimento fetal. A minha intuição dizia-me que algo não estava bem por isso fiquei novamente internada e muito assustada apesar de nas situações mais complicadas encontrar uma calma interior que não sei onde vou buscar”, confessa.
Nesse momento pressentiu que a sua terceira filha iria nascer prematura. A intenção dos médicos era retardar o prazo até às 35 semanas, o que não se concretizou. Na manhã de 25 de Abril deste ano Telma Nunes começou a sentir contracções fortes, de dez em dez minutos. Estava nas 32 semanas de gestação. Os médicos disseram que a menina não ia nascer naquela altura mas Telma tinha certeza que o parto não passaria desse dia. E teve razão. Já estava no bloco de partos quando lhe rebentaram as águas.
“É a nossa revolucionária”
A partir dali aconteceu tudo muito rápido. Assim que viram a bebé cá fora foi uma azáfama de médicos e enfermeiros a correr para irem buscar a incubadora e tudo o que seria necessário para cuidar de um bebé prematuro. Teresa nasceu a 25 de Abril com 32 semanas e 1,520 quilos. Ficou quase um mês internada e durante esses dias a mãe, que teve alta uma semana depois do nascimento da filha, passava os dias com a bebé. “Tive sempre muito medo que ela não sobrevivesse por causa da parte respiratória mas felizmente sempre conseguiu respirar sozinha. Nasceu com uma infecção muito grave e uma septicemia generalizada mas acabou por correr tudo bem. Todos os dias ia à capela do hospital pedir a Nossa Senhora que cuidasse da minha filha”, conta emocionada.
Quando percebeu que a filha do meio, Leonor, de quatro anos, estava a ressentir-se da ausência da mãe passou a ir dormir a casa. Teresinha, como é tratada, teve alta a 21 de Maio com dois quilos de peso. “Nesse dia chorava eu, o meu marido e as enfermeiras. Foram impecáveis comigo durante todo o processo. Foram o meu porto de abrigo e família em muitos momentos. Foram inexcedíveis”, recorda.
Telma Nunes acredita que o pior já passou e que já entraram na rotina. Teresa fez sete meses a 25 de Novembro e já mostrou ser uma valente. “Costumo dizer que é a nossa revolucionária”, conclui, acrescentando que o apoio do marido foi fundamental e que este a acompanhou em todos os momentos.

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