Sociedade | 09-12-2023 12:00

Curso de primeiros socorros é fundamental na formação dos profissionais de berçários e creches

Curso de primeiros socorros é fundamental na formação dos profissionais de berçários e creches
Jornadas do Bebé e da criança reuniram largas dezenas de pessoas no auditório do Centro Social Paroquial de Azambuja

Um bebé morre engasgado ou intoxicado porque o educador não soube como agir ou para onde ligar. Uma criança é encaminhada para um serviço de urgência sem necessidade e acaba triada com pulseira branca. Andreia Amaral, enfermeira e fundadora da SOSMAMÃ, esteve em Azambuja a consciencializar para a importância da formação do pessoal de berçários e creches em primeiros socorros.

Um dos episódios que marcou o percurso da enfermeira Andreia Amaral na urgência pediátrica foi o caso de uma criança de três anos que não sobreviveu depois de se ter engasgado com uma banana. Um acontecimento trágico e demasiado recorrente, que para a fundadora da SOSMAMÃ espelha uma necessidade premente: os educadores de infância, aqueles que passam mais tempo com os bebés e crianças, precisam de saber agir em situações de acidente e ser capazes de fazer a identificação corr ecta numa chamada de emergência, pois nenhum profissional de saúde “vai conseguir salvar uma criança que não tenha sido bem identificada [e encaminhada] no espaço anterior”. Este é um tema sensível, que precisa de ser trazido à tona, para que mais educadores, professores e direcções de creches e berçários invistam em formação certificada, alertou Andreia Amaral, na qualidade de palestrante, nas Jornadas do Bebé e da Criança, iniciativa da SOSMAMÃ que decorreu a 25 de Novembro, no auditório do Centro Social Paroquial de Azambuja.
“É fundamental implementarmos medidas de educação permanente em primeiro socorro. Isto não é brincadeira e não acontece só aos outros. Cada vez há mais situações relatadas de engasgamento e morte súbita”, referiu a enfermeira e CEO da empresa sediada no concelho de Azambuja que presta formação certificada nesta área, aludindo ao recente caso de um bebé vítima de morte súbita e de um outro que morreu engasgado com uma bolacha. Falando em números, a palestrante declarou que “anualmente, em todo o mundo, cerca de 10 milhões de crianças são vítimas de lesões decorrentes de acidente” e por ano “morrem cerca de 830 mil crianças vítimas de acidentes” para considerar “inadmissível que no curso base [de educador] não se aprendam primeiros socorros”.
Para Andreia Amaral, mãe de dois filhos, “a falta de conhecimento da parte de funcionários de creche acarreta enormes problemas”, desde entrarem em pânico em situações de acidente, manipularem incorrectamente as crianças ou solicitarem excessivamente uma ida a um serviço de urgência. No Hospital Distrital de Santarém, “em Novembro de 2022, 50% dos episódios de urgência de pediatria foram triados com pulseira branca, azul ou verde”, justificou, referindo-se a dados publicados numa notícia de O MIRANTE, acrescentando que se trata de “situações não urgentes, pouco urgentes e de situações – no caso da pulseira branca - que nem deveriam ter entrado na porta de um serviço de urgência hospitalar”.

Primeiros socorros vão além do suporte básico de vida
A SOSMAMÃ, da qual fazem parte oito enfermeiros especializados, tem ministrado formações em berçários e creches, sendo que “em nenhuma se sabia o número do centro de desintoxicação e venenos (808250250)”, para o qual se deve ligar em caso de picadas de insectos ou outros animais, alergia, ingestão de detergentes ou outros produtos potencialmente perigosos quando ingeridos. Um dado grave na opinião de Andreia Amaral, que demonstra uma vez mais a falta de informação e formação.
A enfermeira destacou ainda que a formação em primeiros socorros vai além da aprendizagem de suporte básico de vida e de técnicas de desengasgamento, incluindo o saber como agir em casos de intoxicações, febre, vómitos, infecções respiratórias e outros sintomas que são muito mais comuns no dia-a-dia de um bebé e de uma criança do que uma paragem cardiorrespiratória ou situação de engasgamento. Além de Andreia Amaral, a segunda parte da primeira edição das Jornadas do Bebé e da Criança contou com as apresentações de David Damil, educador parental, Celmira Macedo, especialista em educação inclusiva e Nuno Gomes, CEO da Growappy.

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