Sociedade | 09-12-2023 15:00

Saúde no Forte da Casa em estado crítico

Saúde no Forte da Casa em estado crítico
Utentes manifestaram descontentamento à porta do Centro de Saúde do Forte da Casa

Utentes do Centro de Saúde do Forte da Casa continuam sem médico de família e esperam mais de duas semanas por receituário. Os protestos voltaram a ouvir-se.

A prestação de cuidados de saúde à população tem vindo a degradar-se no Centro de Saúde do Forte da Casa, concelho de Vila Franca de Xira. A unidade não tem médicos de família e conta apenas com uma médica para atender as pessoas que têm sorte de conseguir agendar consulta ao primeiro dia útil de cada mês. A médica que está ao serviço não atende bebés e crianças, ou seja, só estão garantidas as consultas obrigatórias por lei, até aos 18 meses, dadas por médicos de outros centros de saúde mediante agendamento prévio.
As funcionárias administrativas remetem como alternativa para atendmento de crianças o recurso ao serviço de urgência dos hospitais, ao pediatra particular, ao Serviço de Atendimento Permanente de Benavente, já de si sobrelotado, ou ao Serviço de Atendimento Complementar no Centro de Saúde da Póvoa de Santa Iria (SAC), das 20h00 às 22h00. Acontece que alguns médicos têm feito greve às horas extraordinárias, enquanto dura o braço-de-ferro com o governo, e por isso não estão a fazer atendimento no SAC da Póvoa.
Estes são alguns dos motivos que levaram os utentes a mostrar o seu descontentamento à porta do Centro de Saúde do Forte da Casa na manhã de 30 de Novembro. O protesto foi convocado pelo movimento independente António Inácio Póvoa Mais Forte (AIPMF).
“As pessoas pedem receitas e agora só passado duas ou três semanas é que têm resposta. Quem não tem condições financeiras para pagar os medicamentos antecipados na farmácia, mais caros, não consegue ter os medicamentos. Os diabéticos agora só podem pedir receita de uma caixa de cada vez porque os médicos já não passam mais. Isso implica vir para a fila todos os meses”, afirmou António Inácio da AIPMF.
Durante quase dois anos sem consulta médica João Gana, que é diabético, tem conseguido uma consulta por mês no Forte da Casa. Mas as receitas chegam com atraso e diz que já recorreu ao Hospital de Vila Franca de Xira. Eduarda Silva quando não consegue uma vaga para a consulta mensal recorre ao privado porque tem um subsistema de saúde. “Sou insuficiente cardíaca, doente oncológica e tenho hérnias na lombar e na cervical. Todos os moradores vêm para aqui mendigar uma consulta porque não há médicos para os 13 mil moradores da vila. Felizmente consigo ir ao privado senão não sei como era”, afirma.
“Um caos” é como Vítor Ramalho classifica o funcionamento do Centro de Saúde do Forte da Casa. Conta que tentou vaga para a consulta mensal mas quando chegou era a senha número 470. Quando chegou à senha 200 acabaram as marcações para em Novembro. Agora vai tentar ter consulta no mês de Dezembro. “No dia anterior temos de dormir a noite toda aqui à porta para tentar consulta para o mês. Pedi receitas há mais de 12 dias e ainda estou à espera”, lamenta.
O MIRANTE solicitou esclarecimentos à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo mas sem resposta até ao fecho desta edição.

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